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A Arte como instrumento de Inclusão Social

As pessoas com deficiência costumam ser estigmatizadas e excluídas do convívio social e das atividades consideradas normais. Para transformar essa realidade, a Assembléia Geral da ONU (1990) enfatizou o modelo de sociedade inclusiva, baseado no princípio de que todas as pessoas têm o mesmo valor e que a sociedade deve empenhar-se para atender as diferentes necessidades de cada cidadão.

Uma ferramenta poderosa de inclusão é a ARTE e hoje iremos tratar sobre a importância de utilizar oficinas artísticas como forma de oportunizar a interação, a inclusão, participação e a socialização de crianças e adolescentes com deficiência.

Esse processo de inclusão social só é possível quando a via é de mão dupla entre as pessoas com deficiência e a sociedade em geral. A construção da sociedade ideal para ambos só se constrói com interação, interesse e oportunidade.

 A IMPORTÂNCIA DA DANÇA, DA MÚSICA E DO TEATRO.

Infelizmente vivemos numa sociedade que outorga princípios desiguais nas áreas de conhecimento nas escolas, de modo que a língua portuguesa, matemática, história, geografia, possuem prioridade. Já as diferentes áreas concernentes às artes ficam quase que esquecidas nas grades curriculares.

A Arte dá ao sujeito a possibilidade de entender e instigar os sentidos, a imaginação, pensamentos, criações e ações, o que faz com que o sujeito perceba e compreenda sua existência, seja ela individual ou socialmente.

A utilização da música desde a pequena infância, por exemplo, é de extrema importância, não é a toa que cantamos canções de ninar para os nossos filhos desde pequenos, para relaxar, tirar a ansiedade e conseguir, de alguma maneira, desacelerar a criança para ela ter uma boa noite de sono. Além disso, a música pode incentivar a participação, a cooperação, a socialização das crianças.

Um excelente exemplo de vida sobre como a ARTE mudou a perspectiva e o propósito de vida de uma pessoa com deficiência é a da atriz Millicent Simmonds, adolescente, surda, que através do seu trabalho mostra que as capacidades dos indivíduos não podem ser medidas pelo pré-julgamento.

Ela é atriz no filme “Um Lugar Silencioso”, o filme mostra uma realidade pós-apocalíptica, onde a população da Terra foi dizimada por uma entidade assustadora que ataca quando escuta um menor sinal de barulho.  O interessante do filme é que, quando vemos filmes onde tem uma personagem com deficiência, o ator /atriz – dificilmente- tem deficiência, mas neste caso não, ela foi escalada para o filme. Isso é tão satisfatório!!

REPRESENTATIVIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA POR PESSOAS QUE NÃO POSSUEM DEFICIÊNCIA.

REPRESENTATIVIDADE, essa é a palavra da vez, precisamos lutar para que os espaços sejam ocupados por pessoas com deficiência. Muitas vezes, assistimos filmes ou propagandas onde o resultado obtido é o contrário do desejado, pois, enquanto a intenção é a de mostrar a diversidade, na realidade estamos excluindo pessoas que realmente tem necessidades especiais e que não se sentem representados por aquilo.

 Não se pode usar a representatividade das pessoas com deficiência se elas não são chamadas para demonstrar uma realidade, isso deixa evidente o preconceito existente e a dificuldade que há para lidar com o assunto.

O correto seria abrir oportunidades para que todos possam mostrar como são, desmistificar a deficiência e mostrar suas capacidades para desconstruir o preconceito velado e com isso, abrir mais espaços para a representatividade das pessoas com deficiência na mídia, para que se alcance, enfim, uma real e natural inclusão.

Deixo aqui, o trailer do filme “Um Lugar Silencioso” para apreciar o excelente trabalho e profissionalismo da atriz.

O filme é magnífico -principalmente- pelo fato de ter ela, pessoa com deficiência sendo atração principal na trama, num filme onde se tem falas na Língua Americana de Sinais (ASL) (o que quer dizer que todo elenco precisou aprender a se comunicar com ela).

Quanto mais a gente fala sobre o filme, mais a gente fica ansioso e extasiado para que esse tipo de arte, de atitude e de sensibilidade se espalhem pelo mundo todo!

Acredito que a Arte faz com que as nossas crianças se libertem, se relacionem e cresçam dentro de um contexto aberto às diferenças expressivas e comunicativas, nesse espaço livre de preconceitos e de formalidade. É com isso que sonhamos. Um beijo grande!

Lorena Benitez.
@lorenabennitez

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