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02/04 – Valorizar, reconhecer e respeitar!

Abril é azul, é uma campanha que ocorre todos os anos em prol da promoção da conscientização do autismo. O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e, ao contrário de pessoas com outras síndromes, como a síndrome de Down, o autista não possui características que podem ser identificadas pelo olhar. Por esse motivo, o autismo é considerado uma deficiência invisível e é comum autistas com baixa necessidade de suporte ouvirem a expressão: “nem parece autista”.

Durante todo mês de Abril, monumentos pelo Brasil e em todo o mundo são iluminados com a cor azul, usada hoje para representar o espectro e diversas campanhas expõem conceitos básicos e dicas para evitar a discriminação e o capacitismo no dia a dia. Também há ações na rua, rádio e televisão, voltadas para levar a informação à população acerca do Transtorno do Espectro Autista.

Como falamos anteriormente, o TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficit na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Não há evidências científicas de que exista uma causa única para o autismo, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais.

É importante chamar a atenção para o fato de que, quando falamos em espectro, queremos dizer que nenhum autista é igual ao outro e que cada um vai representar a diversidade do transtorno de forma única. A taxa de autismo em todas as regiões do mundo é alta e a falta de informação e compreensão têm um alto impacto sobre os indivíduos e suas famílias.  Lutar contra a estigmatização e a discriminação é importante, pois elas continuam sendo obstáculos ao diagnóstico e às terapias, o que afeta diretamente a qualidade de vida dessas pessoas.

Dentro do espectro autista, para descrever o grau de necessidade de suporte que uma pessoa pode requerer, os profissionais de saúde utilizam uma classificação de “níveis de suporte”. Mas o que são os níveis de suporte no Autismo?

Os níveis de suporte no autismo são classificações utilizadas para avaliar o grau de necessidade de suporte que uma pessoa com autismo pode apresentar em áreas como comunicação, interação social e comportamento. 

Esses níveis ajudam a compreender a intensidade das dificuldades enfrentadas pela pessoa e a adaptar as intervenções de acordo com suas necessidades específicas.

Nível 1: Requer pouco suporte.

Pessoas com nível 1 de suporte, geralmente apresentam dificuldades na comunicação social e interação, pessoas neste nível do espectro autista necessitam de algum apoio para enfrentar desafios específicos na comunicação e interação social.

Nível 2: Requer apoio considerável.

Neste nível de suporte as dificuldades sociais e de comunicação são mais pronunciadas. Nesse nível de Autismo, pessoas neste nível do espectro autista enfrentam dificuldades mais marcantes em habilidades de comunicação e interação social com alguma rigidez comportamental.

Nível 3: Requer muito suporte.

Pessoas no Nível 3 apresentam dificuldades graves na comunicação, interação social e comportamento. Elas podem ter dificuldade em expressar suas necessidades e podem apresentar comportamentos desafiadores.

Hoje em dia a quantidade de diagnósticos fechados em ADULTOS é gigantesca, é tão importante o acesso à informação, pois a ela se deve essas descobertas que trazem alívio e autoconhecimento. Muitos dos adultos de hoje, podem ser pessoas com autismo e nem sabem, tendo que ter enfrentado toda uma peculiaridade em sua vida para se enquadrarem no que é tido como “comportamento normal”, devido à falta de informação e preconceito que a nossa sociedade carrega.

Atenção para alguns sintomas mais comuns de pessoas com Autismo:

  • Déficit na comunicação;
  • Isolamento social;
  • Dificuldade de estabelecer uma conversa;
  • Pouco contato visual;
  • Dificuldade em fazer amigos;
  • Comportamentos motores repetitivos;
  • Alinhar brinquedos;
  • Sofrimento com pequenas mudanças na rotina;
  • Padrões rígidos de pensamento;
  • Apego a objetos incomuns;
  • Reação contrária a sons ou texturas, entre outros.

O que você precisa saber sobre o Autismo?

1 – O PORQUE DA COR AZUL?

O azul transmite a idéia de calma e serenidade. Alguns dos sentimentos relacionados com o azul, segundo a psicologia das cores, são:

  • calma;
  • tranquilidade;
  • harmonia e equilíbrio.

A Psicologia das Cores consiste em um estudo aprofundado sobre como o cérebro humano identifica as cores existentes e as transforma em sensações ou emoções.

No autismo, o azul estimula o sentimento de calma e de maior equilíbrio para as pessoas. Estudos mostram que nesse caso, o azul auxilia em situações em que a criança, por exemplo, apresenta uma sobrecarga sensorial. Atualmente, o autismo passou a ser representado pelo símbolo do infinito colorido, logotipo refere-se à neurodiversidade e a várias formas de expressão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

2 – CORDÃO DE GIRASSOL OU DE QUEBRA-CABEÇA?

O cordão do girassol é um acessório diferenciado que tem como objetivo identificar quem possui deficiências que não são perceptíveis ou visíveis. Doenças ou transtornos ocultos são de maior dificuldade de reconhecimento à primeira vista, porque a pessoa não apresenta deficiência física, por exemplo. Alguns transtornos desse tipo são o autismo, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtornos ligados à Demência, doença de Crohn, colite ulcerosa e fobias extremas, entre outras.

O cordão de girassol foi criado em 2016, em Londres, na Inglaterra, ele é uma faixa estreita de tecido verde com desenhos de girassóis.

Já o cordão de quebra-cabeça é um símbolo que representa a complexidade do Transtorno de Espectro Autista — TEA. Foi usado pela primeira vez em 1963 e popularizado pela Autism Speaks, entidade norte americana. A ideia é usar o quebra cabeça para simbolizar as dificuldades de compreensão enfrentadas pelas pessoas com autismo. O Cordão de quebra-cabeça normalmente predomina a cor azul e tem uma estampa de quebra-cabeça colorida.

Vou apontar os mitos mais comuns sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que precisam ser abolidos do nosso cotidiano:

 “Todos os autistas têm habilidades extraordinárias” Embora algumas pessoas no espectro possam ter habilidades especiais em certas áreas, como memória ou habilidades artísticas, é importante lembrar que o autismo é uma condição diversa e cada indivíduo tem suas próprias características, mas isso não os tornam gênios. 

 “O autismo pode ser curado” O autismo não é uma doença, portanto não tem cura. Ele é uma condição neurológica, considerada como deficiência pela lei brasileira e com intervenções adequadas e apoio pode desenvolver habilidades sociais, comunicativas e funcionais.

“Crianças autistas não desejam interações sociais” Enquanto algumas crianças autistas apresentam dificuldades na interação social, muitas delas desejam e valorizam relacionamentos significativos.

“Existe remédio para tratar o autismo”

Não existe medicação para tratamento do autismo. A medicação utilizada para pessoas com TEA é destinada às comorbidades, que podem estar associadas, como TDAH ou distúrbios do sono. Por exemplo: pessoas com TEA podem tomar medicação para melhorar a qualidade do sono, sempre com avaliação médica prévia.

“Autistas não mentem”

Apesar de um dos sinais do autismo ser a dificuldade de abstração, a mentira é uma habilidade social que exige muita abstração e conhecimento social, então, autistas podem, sim, mentir!

“Autistas não mantém desejo e relações sexuais

Autistas têm desejos por pessoas de diferentes identidades de gênero e possuem diferentes orientações sexuais. Autistas também podem manter relacionamentos afetivos e relações sexuais.

E a mais “famosa” de todas…

Autistas vivem no mundo deles 

De jeito nenhum! Autistas vivem no mundo real, como qualquer outra pessoa! O que acontece é que cada pessoa, cada experiência e vivência é pessoal e única.

Esses são alguns mitos e inverdades que precisam ser quebrados!

É importante entender que o autismo é tão complexo como a nossa humanidade.
Me conta se você já ouviu algumas dessas?

Que a nossa coluna de hoje lhe ajude a entender melhor sobre o tema e lhe incentive a respeitar as diferenças, que possamos mudar diariamente hábitos e pensamentos que ajudem a abolir atitudes preconceituosas, pois ninguém “parece autista”. Apenas é e você deve respeitar!

Torne-se um transmissor de informação que faz a diferença na vida das pessoas. Informação, ação e respeito têm tudo a ver com Inclusão! Vamos juntos? Até a próxima coluna de Inclusão!

Lorena Benítez
Paraguaia, Acadêmica de Direito. Coordenadora dos grupos Orgulho Down e do Atipicamente de Caruaru. Membro da Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Caruaru.

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