Então, o capacitismo é qualquer atitude discriminatória ou preconceituosa contra pessoas com deficiência, subestimando as suas capacidades e aptidões podendo ela ser involuntária ou até intencional. O capacitismo, assim como o racismo, machismo e tantos outros são um tipo de preconceito estrutural que precisamos erradicar.
Ele resulta da expectativa de que todos os corpos funcionam da mesma forma, devendo seguir um padrão que a própria sociedade criou. Um padrão que preza pela ausência de qualquer deficiência – rotulando ela de pessoa “normal” – e pessoas com alguma deficiência seriam aquelas que fogem ou não “preenchem” todos os requisitos desse “padrão”, sendo dessa maneira, rotulado como alguém que precisa ser “consertado” para, depois, ser incluído na sociedade, pois a deficiência é vista como algo a ser superado, corrigido ou curado.
A seguir iremos ver algumas atitudes ou expressões para entendermos melhor o assunto.
- Não contratar uma pessoa com deficiência imaginando que ela não será competente o suficiente para realizar essa função.
Você tem quantos colegas de trabalho com deficiência? Já parou para pensar? - Utilizar rótulos pejorativos e ofensivos com pessoas com deficiência, sendo alguns deles: inválido, incapaz, aleijado, demente, louco, essa é mais uma forma de promover o capacitismo.
- Não oferecer acessibilidade e oportunidade de uma vida digna são atitudes capacitistas – achando que acessibilidade é regalia – por exemplo: escolas sem rampa/elevadores para os alunos com deficiência, lojas com escadas ao invés de rampas, só fazem com que as pessoas que precisam de inclusão sejam simplesmente invisíveis para sociedade.
Então, como combater o capacitismo?
- Não subestimando a pessoa em razão da sua deficiência;
- Não rotulando de “lutador”, “vítima” ou “super-herói”;
- Não infantilizando a pessoa com deficiência.
O que diz o Estatuto da Pessoa com Deficiência sobre o Capacitismo.
“Segundo o Art. 4º, toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas”.
O capacitismo é CRIME?
Sim, desde que haja qualquer ato discriminatório contra a pessoa com deficiência. Vejamos o que diz o Art. 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência: “Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.”
O que NÃO FAZER:
- “Tenha fé, Deus pode curar você” (A deficiência não necessariamente é uma doença, a qualquer momento nós podemos sofrer algum acidente, e ficarmos, por exemplo, de cadeira de rodas)
- “A vantagem de se ter um filho “assim”, é que ele será uma eterna criança” (Não existe vantagem e nem regalias numa deficiência)
- “Filhos especiais só vem para famílias especiais” (Todos somos especiais, independente de sermos típicos ou atípicos, concorda?)
- “Você é um(a) guerreiro(a)” (Ser guerreiro remete a sofrimento, luta, força, mas, precisamos mesmo sermos fortes o tempo todo? Ser forte o tempo todo cansa, então, ser comparado a um guerreiro(a) nada mais é do que dizer, se você não “aguentar” você é fraco! A gente realmente tem o direito de decidir a maneira em que a outra pessoa deve se sentir?)
- “Fico impressionada como você consegue fazer tanta coisa, mesmo com essa deficiência. Eu não conseguiria chegar tão longe” (Você não consegue por não ter persistência, isso nada tem a ver com deficiência).
Precisamos lutar para não empregá-la nas nossas vidas, para não perpetuar essa atitude na sociedade, por isso é tão importante falarmos hoje sobre esse tema, para evitarmos atitudes e palavras que a promovam.
Dica de Hoje:
Para concluir nossa coluna de hoje, recomendo assistir o filme “Extraordinário” 2017, sem dúvidas um filme que aborda entre outros temas, a dificuldade da sociedade incluir e aceitar as diferenças.
Auggie é um garoto de 10 anos que nasceu com uma deformidade facial e precisou de 27 cirurgias para conseguir respirar e enxergar. Após passar toda a sua infância estudando em casa, seus pais decidem que chegou a hora de o pequeno começar a frequentar a escola. A decisão muda a vida do garoto e de toda a sua família.
Meu nome é Lorena Benitez, acadêmica de Direito, que luta por inclusão e que prega diariamente que não precisamos “sofrer como eles, para lutar com eles”, pois só teremos uma sociedade inclusiva quando decidamos realizar diariamente atitudes inclusivas, tornando dessa maneira a inclusão um ato natural, e não mais uma luta.
Faço parte da diretoria do Grupo Anjo Azul, (grupo de apoio a pais e crianças Autistas) e sou associada a AMA (Associação Mundo Azul). Me siga no Instagram @lorennabenitez
Parabéns vc e maravilhosa Lorenna
Obrigada pelo carinho Malca! <3