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Quais serão as propostas de campanha política em 2022?

Muito se fala dos potenciais candidatos para governo do estado, presidente da república, senadores, deputados federais e estaduais, afinal, tradicionalmente presidentes sempre serão alvos de reiterados pedidos de impeachment com a velha tensão do “cai ou não cai”, e hoje com o uso das hastags #FORA.., governadores são os alvejados pelas críticas de muitos que se quer compreendem o papel do Estado em nossa federação ou pelos que entendem sim suas falhas e desejam o fim dos mesmos grupos partidários ou famílias que se revezam no comando dos estados.

Os senadores continuam figuras sem “cheiro de povo” a não ser pelos discursos pragmáticos e midiáticos para alcançar suas massas, não sei se por representarem os estados, mas ao menos em Pernambuco sempre sinto uma ausência de diálogo regional, já os deputados federais e estaduais, constantemente desafiados a fazer o povo entender o trabalho legislativo, quando eles mesmos massificam para o eleitorado promessas próprias de uma eleição para o executivo. Mas quais serão as propostas de campanha política em 2022?

Se 2022 repetirmos o que foi observado em 2018, certamente teremos uma esquerda pleiteando a presidência, gritando contra o “fascismo” e adorando a polarização que a leva para o segundo turno, entrando em missas de forma proposital, criando narrativas em TV contra opositores de mesmo viés político e até entregando flores enquanto rotulam agressivamente adversários e apoiadores, apontando para um passado de “feitos”, mas não propondo nada, nem direcionando para um futuro de estabilidade e garantias da manutenção dos direitos existentes e promoção de outros.

Por outro lado, candidaturas mais à direita tradicional, se repetirem o ritual do passado somando ao turbilhão de 2018, certamente teremos o apelo a questões polêmicas e apontamento para o risco da implantação de um comunismo, recurso ao sucesso do apelo de aumento de benefícios, paradas em lanchonetes nunca frequentadas para tentar criar elos com o povo, reiteração da necessidade de combate à corrupção, e a necessidade de reiterar que também são povo, mas, e as propostas? Que apontamentos estratégicos farão, além da busca por popularidade e populismo?

Sim, existem propostas de praxe, como aumento de benefícios socioassistenciais, eletrificação, construção de rodovias, valorização da educação, redução da criminalidade, uma série de feitos anunciados como se fosse um castelo de areia, onde basta vir a onda do mar e revela a precariedade e superficialidade do que é proposto.

A nível estadual, existe um perfil similar de muitos candidatos, muitos filhos de políticos tradicionais ou de candidaturas que se amparam no legado do nome de políticos que marcam história no imaginário popular, onde as propostas comumente replicam experiências municipais para o Estado, ignorando limitações de ação, orçamentária e até legal, aponta-se para os feitos no estado, apontarão para temáticas como inovação, tecnologia, desenvolvimento, retomada, segurança, mas com um fazer muito atrelado ao presidenciável que apoiarão ou omitirão em suas campanhas políticas. Passar o “pires” a nível federal, é uma necessidade do nosso federalismo.

Continuaremos a ver senadores acoplados às eleições federais e estaduais, como se fossem candidaturas que basta estarem alinhadas a algum grupo forte que disputará o executivo estadual ou federal. Nessa eleição por adesão, as propostas se tornam difíceis de recordar se pensarmos nas eleições passadas. Quem se lembra de uma proposta apresentada por candidatos a senadores que foram eleitos?

As eleições para deputados guardam uma peculiaridade, são mandatos muito incompreendidos pela população como um todo, visto que muitos não entendem que deputados, federais ou estaduais só podem propor lutas de pautas específicas, propor o cumprimento do seu papel de fiscalização e cobrança do executivo quanto às políticas e uso de dinheiro público, e claro, podem propor fazer leis sobre diversos temas. Vejo que, por ato dos próprios postulantes ao mandato de deputado, a população anseia anúncios de obras, divulgação de que mudarão problemas municipais, e até a defesa de pautas mais à direita ou à esquerda, mais liberais ou conservadoras, ou seja, poucos são os que propõem que farão leis determinadas, e veremos eleições mais uma vez motivadas pelo apelo à sensibilização emocional do eleitor, discursos fáceis e rápidos, divulgação de recursos públicos que eles realocaram através de emendas, além, é claro, de destaque para os grupos familiares ou políticos que a maioria integra, convencendo o voto através do DNA biológico ou partidário.

Sim, o nosso voto é frágil, são candidatos muito distantes da nossa possibilidade de avaliação ou compreensão real, apenas midiática. Aqueles candidatos que se utilizam devidamente das redes sociais podem continuar tendo uma vantagem operacional na apresentação pessoal e de seus feitos, no entanto, candidaturas para o executivo ou legislativo, sofrem de um mal por elas mesmas perpetuadas, a orfandade de propostas políticas factíveis e viáveis, que impliquem em pensar no que é necessário, por quem pode ser feito e como deve ser feito para atingir o interesse público.

Não crítico muitas campanhas por essa ausência, até porque, convencer nosso povo de votar num candidato por ações que ele pode e deve fazer, e não pelo que elas queriam ouvir que fosse feito, segue a mesma lógica de uma criança que jamais se conformará com a tomadas de decisões de seus pais, por vezes incompreendidas pela idade ou pela complexidade de cada decisão, mas que, via de regra, representa o melhor para o futuro de seu filho.

Bom, somos uma democracia de 33 anos, com 8 eleições na bagagem, no entanto, crianças eleitorais, construídos na educação formal ou partidária, só que minimamente instruídos ou empoderados politicamente, a cada 4 anos votamos em 5 ou 6 pessoas, incompreendemos o potencial dos mandatos que concedemos, e ao final, não queremos proposta, queremos apenas elos de convencimento, afeto, sensibilização com nossas necessidade imediatas, ouvir o que nosso estomago e bolso desejam ouvir, não queremos problematizar ou ser ensinados no momento de nossa escolha.

Quais as propostas de campanha política em 2022? A resposta é, aquelas que o mercado dos votos, que nossas “criança” eleitora deseja ouvir ou que a conjuntura política te fará crer que você precisa, mas em grande parte, evitando o generalismo burro, não serão propostas políticas, serão propagandas que te levam a abraçar e votar no que você nem entende.

Caio Sousa
Advogado, Professor Universitário, Mestre em Ciências Jurídico Políticas pela Universidade de Lisboa, Especialista em Direito Municipal, Pesquisador do Labô – PUC/SP.

1 comentário em “Quais serão as propostas de campanha política em 2022?”

  1. Uma das melhores analises por mim lidas até o momento. De forma pragmática o autor consegue bem traçar como historicamente constituímos de maneira errada o que é, ou deveria ser a política Nacional. E eu não posso deixar de mencionar que o Federalista esta do inicio ao final do texto, é impossível não lembar-me dele.

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