A divulgação da Nota Oficial do Presidente Bolsonaro (sem partido) abrandando o tensionamento existente entre os poderes executivo e judiciário, auxiliado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) jogou um balde de água fria nos influenciadores bolsonaristas. À beira de um precipício econômico com o início de greve dos caminhoneiros, alta do dólar e inflação, queda na bolsa de valores, somado com os altos preços do gás, gasolina e alimentos, o presidente Bolsonaro teve que recuar.
O recuo veio depois do ato político mais importante do seu governo, que conseguiu reunir as massas e dar uma demonstração de força para os opositores que planejam enfrentá-lo em 2022. O grande problema foi o custo de tudo isso, não falo do custo financeiro, mas do custo político para continuar governando. O presidente precisou ser populista, agressivo e muito retórico para conseguir atingir o objetivo de reacender o seu eleitorado.
A nota emitida com colaboração de redação do ex-presidente Michel Temer, marcado por um encontro no Planalto que durou o dia todo, além de um telefonema acenando bandeira branca com o ministro do STF, Alexandre de Moraes, mediado por Temer, provocaram um efeito reverso nos influenciadores do presidente, com memes de bolsonaristas nas redes sociais “abandonando o navio”, chorando e até chamando o presidente de “frouxo”.
Pra quem faz política sabia que a fatura da festa do dia seguinte iria chegar. Apesar dos pronunciamentos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do presidente do STF, Luiz Fux, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ficarem aquém do desejado e faltar unidade para combater graves acusações de um chefe de poder aos outros poderes, o cenário econômico mandou o recado.
Emparedado pelas declarações do dia anterior, a única solução para Bolsonaro era desdizer em nota o que havia dito publicamente. O único caminho pra ele era o diálogo com Temer, que apesar dos defeitos, sempre foi um diplomata e pacificador do meio político. E diante desses revezes que a política dinâmica trás, os acontecimentos nos levam a refletir que “ninguém faz nada sozinho”. A missão do presidente foi cumprida, mostrar que ainda está vivo no jogo, mas deixou feridos importantes na batalha.
Confira a íntegra da nota oficial:
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República Federativa do Brasil
Com muito respeito à sua análise, acredito que você caminhou na direção contrária dos acontecimentos, jamais seria possível qualquer tentativa de diálogo, se não tivesse havido a grande demonstração de força, através do capital eleitoral do presidente mais popular da história. As “armas” foram mostradas e só depois ele chama para a negociação. Alguns poucos que demonstraram frustação pela postura conciliatória do presidente, igualmente como aconteceu com a saída de Sérgio Moro, verão que o grande estadista tem razão, e certamente o procedimento de alguns membros da suprema corte será modificado. A esquerda tá desesperada com essa nobre cartada do presidente Jair Messias Bolsonaro. Abraço.