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A Pedagogia das Pressões Políticas

As pressões para a mudança de estratégia política e eleitoral do governo Bolsonaro tiveram dois interessados diretos: os seus próprios aliados, especialmente os de centro, e a oposição. Os primeiros clamam para escapar dos efeitos eleitorais do negacionismo à pandemia, que tem feito o presidente desidratar nas pesquisas de opinião, com forte potencial para respingar na popularidade dos seus pares. Os demais, do outro lado da trincheira, torcem para que os gestos do governo continuem evidenciando a inabilidade do presidente no enfrentamento da crise, servindo, assim, de munição para o discurso eleitoral da campanha de 2022.

Esse combo de pressões, vindas de ambos os lados, teve seu ápice na última semana com a queda de ministros próximos ao núcleo presidencial, culminando, também, na troca dos comandos das forças armadas. Imediatamente, as cabeças dos ministérios vagos foram ocupadas por figuras de interesse do Centrão, com o crivo e o aval dos presidentes das duas casas do Congresso Nacional. Já para a alta hierarquia das forças armadas, foram nomeados comandantes com perfis diametralmente opostos aos interesses do Presidente, que teve que ceder rifando nomes de sua preferência, com perfis ligados à chamada “linha dura” militar.

Acuado com os desfechos da semana, o Presidente já fala em antecipar sua própria vacinação para gerar o efeito visual que dê forças a uma nova linha de atuação, defendendo a aceleração da compra e aprovação de novas vacinas com a consequente distribuição para todo território nacional. Tal comportamento se soma à série de outros que vem sendo tomados desde a decisão do STF que resgatou os direitos políticos do maior algoz, o ex-presidente Lula.

Essa virada de estratégia tem sido o sinal mais claro de que o núcleo presidencial, enfim, se convenceu a adotar medidas que deveriam ter sido tomadas ao longo do ano pandêmico de 2020, estrategicamente durante a embriaguez da população pelos benefícios mensais do auxílio emergencial.

Só agora, ao sofrer os “efeitos pedagógicos da pressão política”, é que o Presidente parece ter definitivamente acordado para o verdadeiro caminho político que o levará à cabeça da disputa presidencial de 2022.

Felipe Ferreira Lima
Advogado, Mestre em Ciências Jurídico-Políticas, Professor Universitário, Presidente do Instituto Egídio Ferreira Lima.

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