No presidencialismo de coalizão à moda brasileira, poucos tem a real dimensão do impacto das eleições parlamentares no cenário político. Seja em âmbito municipal, estadual ou federal, a composição do comando do Poder Legislativo diz muito do que será o potencial de realização do Poder Executivo para desempenhar uma boa gestão.
Nossa Constituição Federal de 1988 não só impulsiona a harmonia entre esses poderes, mas os torna demasiadamente dependentes, de maneira que as principais ações do Executivo necessitem sempre da “chancela” da maioria dos membros do Legislativo que, por seu turno, se veem diante da irresistível tentação de negociar emendas e espaços de poder para “pavimentarem” suas reeleições.
Essa é a razão pela qual essa relação deixa de ser unicamente de fiscalização entre ambos os poderes, para se tornar fisiológica, formando um ciclo de mútuos reféns. De um lado o Executivo corre para abrigar o maior número possível de parlamentares e, assim, abrir caminhos nas pautas do Legislativo. Do outro, o próprio Legislativo devolve a gentileza com pedidos de espaços e fatias de poder.
Eis a razão de tamanho investimento de Bolsonaro para eleger seus candidatos nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Caso não tivesse tido sucesso, dificilmente teria força de sustentação suficiente para armar o palanque governista em 2022. Foi entregando os pontos à marcha tradicional da velha política que o Presidente conseguiu turbinar sua caminhada rumo à reeleição, enterrando o discurso da “colisão” e ressuscitando a narrativa da “coalizão”.
A partir de hoje, estarei aqui semanalmente levantando reflexões políticas como essa. Nossa missão é, através do Blog Novo Contexto, estimular a opinião política imparcial, isenta de paixões e fiel à realidade. Em paralelo, podemos sempre nos comunicar pelo meu perfil no Instagram @flferreiralima ou via e-mail (felipeferreiralima@gmail.com). Sigamos firmes!
Felipe Ferreira Lima
Advogado, Mestre em Ciências Jurídico-Políticas, Professor Universitário, Presidente do Instituto Egídio Ferreira Lima.
