Eis que um jovem decide, “do nada”, que quer ser empreendedor. Vai abrir um negócio, oferecer um produto ou serviço e fazer sucesso. Será? Ora, empreender não é apenas ter um CNPJ, uma marca e uma empresa , mas começa muito antes disso. Embora muitos não enxerguem esse viés, antes de empreender nos negócios, é preciso empreender na vida. Porque empreendedorismo não é apenas atividade econômica, mas atitude, proatividade, ação, movimento, estado de espírito, estilo de vida, transformar pensamentos em ação e sonhos em realidade.
Minha tese é simples: ninguém deve se aventurar a empreender empresarialmente antes de empreender pessoalmente, ou seja, no seu CPF, em sua própria vida. E o que quer dizer empreender na vida? É acreditar que é possível, fugir das crenças limitantes, sentir-se merecedor, programar-se mentalmente para vencer, e com base nisso desenvolver as habilidades e competências necessárias a todo empreendedor, quais sejam: determinação, disciplina, ousadia, coragem, resiliência, foco, persistência, criatividade, inovação, entre tantas outras. E todas elas podem e devem ser aplicadas na vida de forma geral, antes de transportadas para o universo empresarial. É uma jornada de desenvolvimento pessoal e amadurecimento que leva a um aprimoramento do ser humano, preparando-o para os desafios do mundo dos negócios.
Deve-se ter em mente, também, que, para desenvolver tais características, é preciso estudo, disposição e preparo. Nem todo mundo nasce empreendedor, mas todos podem se tornar empreendedores desenvolvendo seu dom. E é aí que reside a relevância do empreendedorismo na vida como forma de construção da personalidade do empreendedor empresário. É bem verdade que empreendedorismo deveria ser disciplina incluída nos currículos das escolas, para estimular a descoberta desse universo ainda nas crianças e nos adolescentes. Assim, certamente, teríamos um ecossistema de negócios muito mais inovador e robusto. Infelizmente, ainda somos ensinados a procurar empregos tradicionais, no máximo com um plano de carreira. E mesmo para quem é empregado, é possível empreender – é o chamado intraempreendedorismo, em que a pessoa desenvolve atitudes empreendedoras dentro da empresa em que trabalha.
O pensamento empreendedor serve não só para criar negócios, mas para estimular o desenvolvimento humano. Com ele, surge um estilo de vida mais proativo, ousado, decidido e propenso ao novo, que é benéfico não apenas a quem o escolhe, mas a toda a sociedade em volta, que acaba, eventualmente, recebendo os benefícios de valor e riqueza gerados pelo empreendedor. Precisamos estimular, cada vez mais, que as novas gerações tenham internalizada a mentalidade empreendedora, para que se crie cidadãos mais evoluídos e uma economia fortalecida.
Janguiê Diniz – Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional – Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo