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Inclusão Social de Refugiados e Migrantes no Brasil

A crise humanitária não é de hoje, mas desde a semana passada estamos sendo “bombardeados” com notícias sobre pessoas que tentam atravessar as fronteiras, sofrendo, se expondo e muitas vezes, perdendo até a vida no caminho.

Fantástico – Rede Globo

Quem assistiu ontem ao programa da Rede Globo – o Fantástico, com toda certeza se emocionou com os depoimentos dessas pessoas que sofrem antes, durante e depois (do que podemos dizer ser a decisão mais difícil e importante das suas vidas) pois, pelos relatos ouvidos no programa de ontem, pudemos compreender que essa decisão vai muito além de simplesmente querer ter uma vida melhor (como geralmente se imagina).

A decisão de sair do país (da maneira que essas pessoas saem) é uma das piores decisões que uma pessoa pode tomar, pois não estamos falando de sair a passeio, para se aperfeiçoas nos estudos, de sair para, simplesmente, procurar uma vida “melhor” financeiramente. As pessoas saem em busca de saúde (pois seus países não oferecem os tratamentos necessários para cura das suas doenças), elas fogem das guerras, do perigo,  de desastres naturais, da violência, dos altos índices de corrupção, com medo. Medo não somente da guerra, medo também da travessia, medo do incerto, medo do futuro.

E aí? Atravessamos a fronteira, e agora? Vou para onde, faço o quê? Quando a língua é diferente daquela do país de origem, torna ainda mais difícil a situação. E quando temos crianças no meio? O vídeo do menino Wilton – que correu o mundo – chamou a atenção pelo fato dele se encontrar sozinho, no meio do deserto, sem nenhum adulto o acompanhando, ele se encontrava completamente só, chorando, desesperado.

A Polícia que o achou, informou que Wilton e a mãe tinham atravessado o deserto, mas que no caminho, foram interceptados pela máfia da fronteira, que seqüestra e cobra para liberar essas pessoas, a liberação do Wilton custou aos familiares que já se encontravam nos Estados Unidos, o valor de U$ 5.000. A história de Wilton, não é um caso isolado, pois os Estados Unidos tem albergues onde essas crianças desacompanhadas são transferidas até que o país onde foram encontradas, no caso os Estados Unidos, decida o seu destino.

Wilton, menino da Nicarágua encontrado sozinho na fronteira EUA-México

Acontecem todos os dias, no mundo todo, e aqui no Brasil não é diferente, de acordo com o Ministério da Justiça, o Brasil registrou omaior número de solicitações de refúgio considerando toda a série histórica: foram 82.520 pedidos de reconhecimento da condição de refugiado somente em 2019. Isso representa mais de um terço (34%) de todos os 239.706 requerimentos feitos desde 2011. Somente entre 2018 e 2019, o número de estrangeiros registrados no mercado formal saltou 8,3%.

Infelizmente, sem políticas públicas efetivas, imigrantes sobrevivem da solidariedade dos cidadãos civis brasileiros, que sempre se destacaram por ser um povo acolhedor e muito solidário, mas com a pandemia a situação de muitos brasileiros se agravou, é crescente o número de relatos de imigrantes e de brasileiros que perderam o emprego ou fonte informal de renda durante a pandemia.

A PANDEMIA

A pandemia atingiu toda a população brasileira, mas a situação de muitos migrantes é ainda mais preocupante, pois a maioria deles precisa comprovar que possuem vínculo empregatício para permanecer no país. A sociedade civil tem se organizado para levar comida, apoio e esperança para milhares de migrantes e refugiados que estão nos país à deriva, o trabalho desses grupos tem sido fundamental para essas famílias que não tem renda e nem moradia.

Precisamos entender que essas pessoas deixaram suas casas por causa da guerra, pobreza, por questões religiosas, étnicas, políticas, econômicas e de violações dos direitos humanos. Ajudar um refugiado é primeiramente, demonstrar o nível de humanidade que cabe dentro de nós, é dar a ele a chance de um futuro digno, pois ele desde que se vê obrigado a fugir dos seus países e lares sofrem com dificuldades de integração do mercado de trabalho, acesso à moradia, à saúde e à educação, então, porque não diminuir esse sofrimento, com acolhimento, respeito e apoio?

Um dos princípios mais importantes que podemos ressaltar aqui, é o  princípio da dignidade da pessoa humana, que é caracterizado como sendo o de maior hierarquia valorativa da Constituição Brasileira.

ACOLHIMENTO E HUMANIDADE

A problemática dos refugiados é um dos temas mais preocupantes de todo o mundo, não somente pelo numero que só vem crescendo, mas também pelos  motivos que levam um refugiado a migrar, na maioria dos casos, eles precisam fugir por terem seus direitos violados.

Acolher refugiados não é uma questão de altruísmo, é muito mais do que isso, vem de dentro, é a mostra mais pura de solidariedade e humanidade.

Para entendermos melhor sobre o assunto, nada melhor do que um bom filme, que nos inspire e nos leve a pensar sobre o poder que temos e sobre como podemos ser agentes de mudança na vida dessas pessoas que, além de sofrer com a distância, a dor, a discriminação, sofrem com a invisibilidade em muitas partes do mundo, sendo tratados como pessoas não gratas ou simplesmente estatísticas e números.

O Filme “SERGIO” (2020) – Netflix

Retrata a vida do brasileiro Sergio Vieira de Mello, que iniciou sua trajetória no trabalho humanitário pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Interpretado por Wagner Moura, o humanitário é retratado com as peculiaridades que o fizeram ser referência em diplomacia e resoluções de conflito: o carisma, a capacidade de estabelecer conexões e o empenho pelo trabalho em campo, próximo aos mais vulneráveis.

Que possamos nos inspirar com a capacidade que Sergio Vieira de Mello tinha de lutar até o fim, e que o foco e a perseverança no seu trabalho, nos ensinem que tudo feito com empatia e amor tem muito mais chances de dar certo.

Deixo com vocês a seguinte reflexão: Em um mundo onde podemos ser o que queremos, que escolhamos ser empáticos, para que assim a nossa empatia saia do campo do sentimento e seja revolucionária!

Lembrando que a construção da fraternidade e solidariedade nascem nos nossos corações e se estendem nas nossas atitudes. Que as nossas atitudes condigam com as nossas falas, sempre.

Beijo grande no coração!

Lorena Benitez

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