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Qual o segredo que faz Caruaru ser cantada em mais de mil músicas no mundo todo?

O rei Luiz Gonzaga já cantava “Caruaru, obrigado, Caruaru, se tou no norte, se tou no sul, nunca me esqueço de Caruaru”, a partir da letra composta por Janduhy Finizola e Onildo Almeida. De fato, muito nomes ilustres agradecem pela história que compartilham com nossa terra. Mas, qual o segredo que faz Caruaru ser cantada em mais de mil músicas, nas mais variadas vozes?

Esse município é feito de gente guerreira que cria oportunidades e surpreende quem vê de fora, seja no empreendedorismo, na arte ou na música. Em relação a esse último item, há mais de 1.500 músicas registradas que citam Caruaru, em 18 ritmos diferentes. Esses dados fazem parte de uma pesquisa de autoria do odontólogo Doutor Leite, que solicitou que o Guinness Book reconheça nossa Princesinha como a cidade mais cantada em linha reta do mundo.

Por falar nisso, ô cidade para gostar de títulos grandiosos! Basta lembrar do maior e melhor São João ou das comidas gigantes. No caso do levantamento feito por Dr. Leite, identificamos músicas que se inspiram em elementos do nosso lugar ou que fazem um registro histórico em forma de poesia.

PLURALIDADE DE VOZES

Esse é o caso da música Capital do Agreste, composta pelo mestre Onildo Almeida. Nessa canção, ele narra a história do surgimento de Caruaru e os nomes de pessoas que contribuíram para o crescimento da “Capital do Forró”.

Já em outra ponta, temos canções nostálgicas que nos levam à sensação de pertencimento. Caruaru do Passado, do mestre Azulão, e Capital do Forró, de Jorge de Altinho, exemplificam isso. A primeira fala de uma relação espaço-tempo carinhosa com os lugares da cidade; já a segunda retrata a festa junina nas ruas caruaruenses. As características dessa efervescência musical e cultural também estão em Côco no Alto do Moura, de Herbert Lucena.

Por sua vez, a célebre música Feira de Caruaru, de autoria também de Onildo, traz de maneira lúdica tudo o que encontramos nesse local. E para termos uma prova disso, basta tirarmos umas horinhas para bater o pé por cada rua, beco e entorno das várias feiras que fazem esse grande centro popular ao ar livre.

Em paralelo, a canção Maria Sulanqueira, de Valdir Santos, narra o universo particular de quem vive do comércio da Feira da Sulanca. É algo parecido com os recortes de cotidiano cantados na música Invólucro Caruaru, de Almério. Nessas duas composições, percebemos a dinamicidade, a inquietude e as dificuldades do nosso povo em meio a desigualdades socioeconômicas.

PRA CUM POVO SER TAMBÉM POVO

Em todas essas referências, há em comum elementos facilmente reconhecíveis: espaços culturais repletos de curiosidades, festas tão acolhedoras que atraem olhares de fora; além de histórias de pessoas que criam oportunidades a partir do zero (self made men/women, poderíamos dizer).

Mesmo assim, precisamos ter cuidado para não enxergar Caruaru em uma visão romantizada demais. Há diversos pontos a melhorar: no urbanismo, na mobilidade, nas condições econômicas e na valorização de profissionais e artistas. Afinal, a cidade cresceu de forma acelerada e sem planejamento, como vários lugares do mundo.

Por tudo isso, o segredo do imaginário popular da nossa cidade é a sensação de reconhecer-se. É o pertencimento que Janduhy e Onildo citam em Cidadão de Caruaru: “Essa terra da gente/É gente da gente/Isso tudo é o país de Caruaru”. É, enfim, se sentir povo junto com nosso povo.

164 ANOS DE HISTÓRIA

Esse texto é uma homenagem aos 164 anos de Caruaru. E, para você comemorar de casa o aniversário deste ano, salve essa playlist com canções que cantam ou que representam a música da nossa terra:

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Johnny Pequeno é jornalista e produtor audiovisual da Produtora Vertigo.

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