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Desafios da inclusão em tempos de EAD

Um dos grandes desafios para as escolas é o de dar continuidade ao ensino durante a pandemia que vem acometendo o mundo todo e, muito brutalmente, o nosso país. Foi a partir daí que o Ensino à Distância ganhou visibilidade e virou rotina de inúmeras famílias, pelo menos, é o que se esperava.

O EAD (Ensino a Distância) é uma “novidade” para maioria, especialmente para crianças e adolescentes, já que essa modalidade era adotada geralmente pelo ensino superior. Apesar do seu uso recente, o EAD já é reconhecido no Brasil há 25 anos, através da Lei de Diretrizes e Bases – LDB (LEI Nº 9.394/1996). Segundo o art. 32, §4º “O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.”.

O ensino remoto é uma medida emergencial, que precisou ser adotada, para evitar que as crianças e adolescentes percam o ritmo escolar e não sejam prejudicados no que diz respeito à sua formação acadêmica. Por outro lado, a vivência no âmbito escolar proporciona ampla e irrestrita interação social, fundamental pra o desenvolvimento do indivíduo. Essa mudança brusca se deu com o fechamento temporário das instituições de ensino que, de modo repentino e obrigatório, tiveram de se reinventar para dar continuidade ao processo de aprendizagem de milhares de pessoas.

Infelizmente, essa pandemia não só desnudou as fragilidades e dificuldades que diariamente os sistemas de saúde e educacional têm, como também trouxe discussões à mesa sobre a disparidade entre alunos e também, sim, entre professores,  muitas discussões sobre os aspectos educacionais, sociais e políticos relacionados à inclusão têm sido realizadas, pois as realidades são das mais diversas, desde acesso a internet e computador e acesso a energia elétrica.

A UNESCO não poderia ficar inerte diante de uma situação dessas e, por esse motivo, ela divulgou uma lista com 10 recomendações sobre ensino a distância em decorrência da pandemia do novo coronavírus, elas são:

1 – Analise a resposta e escolha as melhores ferramentas: Escolha as tecnologias mais adequadas de acordo com os serviços de energia elétrica e comunicações da sua área, bem como as capacidades dos alunos e professores. Isso pode incluir plataformas na internet, lições de vídeo e até transmissão através da televisão ou rádio.  

2 – Assegure-se de que os programas são inclusivos: Implemente medidas que garantam o acesso de estudantes de baixa renda ou com deficiências. Considere instalar computadores dos laboratórios da escola na casa dos alunos e ajudar com a ligação à internet.   

3 – Atente para a segurança e a proteção de dados: Avalie a segurança das comunicações online quando baixar informação sobre a escola e os alunos na internet. Tenha o mesmo cuidado quando partilhar esses dados com outras organizações e indivíduos. Garanta que o uso destas plataformas e aplicações não violam a privacidade dos alunos.   

4 – Dê prioridade a desafios psicossociais, antes de problemas educacionais: Mobilize ferramentas que conectem escolas, pais, professores e alunos. Crie comunidades que assegurem interações humanas regulares, facilite medidas de cuidados sociais e resolva desafios que podem surgir quando os estudantes estão isolados.   

5 – Organização do calendário: Organize discussões com os vários parceiros para compreender a duração da suspensão das aulas e para decidir se o programa deve centrar em novos conhecimentos ou consolidação de currículo antigo. Para organizar o calendário é preciso considerar as áreas afetadas, o nível de estudos, as necessidades dos alunos e a disponibilidade dos pais. Escolha metodologias de ensino de acordo com as exigências da quarentena evitando métodos de comunicação presencial.   

6 – Apoie pais e professores no uso de tecnologias digitais Organize formações e orientações de curta duração para alunos e professores. Ajude os docentes com as condições básicas de trabalho, como rede de internet para aulas por videoconferência.     

7 – Mescle diferentes abordagens e limite o número de aplicações: Misture as várias ferramentas disponíveis e evite pedir aos alunos e pais que baixem ou testem demasiadas plataformas.   

8 – Crie regras e avalie a aprendizagem dos alunos: Defina regras com pais e alunos. Crie testes e exercícios para avaliar de perto a aprendizagem. Facilite o envio da avaliação para os alunos, evitando sobrecarregar os pais.   

9 – Defina a duração das unidades com base na capacidade dos alunos: Mantenha um calendário de acordo com a capacidade dos alunos se concentrarem sozinhos, sobretudo para aulas por videoconferência. De preferência, cada unidade não deve exceder os 20 minutos para o ensino primário e 40 minutes para o ensino secundário.  

10 – Crie comunidades e aumente a conexão: Crie comunidades de professores, pais e diretores de escolas para combater o sentimento de solidão e desespero, facilitando a troca de experiências e discussão de estratégias para enfrentar as dificuldades.
Fonte: ONU News.

Dentre tantas recomendações importantes, vamos tratar sobre a  segunda recomendação: “Assegure-se de que os programas sejam inclusivos a todos os estudantes”. Importante frisar da importância do EAD ser adotado de maneira correta, para evitar que ela tenha o efeito contrário, que é a de segregar. Essas recomendações valem para diferentes instituições, e com essa pandemia, a EQUIDADE precisa ser chave para o Ensino a Distância se tornar de fato uma ferramenta que evita a solidão, o abandono escolar e influenciar para que integração escola-aluno fluam de maneira natural. Sabemos que no Brasil a desigualdade representa um enorme desafio a ser superado e que a parcela mais vulnerável da população é quem mais fica desassistida -não só no tocante a Educação – como também em várias outras áreas que se viram afetadas pela pandemia de Covid-19.

Não podemos admitir que a Educação Especial seja esquecida, precisamos assegurar que todos os estudantes, sejam ele típicos ou atípicos, tenham eles deficiências ou não, tenham direito à mesma oportunidade de aprendizagem para se desenvolverem, vivenciando à sua maneira as experiências virtuais com criatividade, diversão e com respeito às suas especificidades e emoções!

Lutemos para que as políticas de Inclusão garantam o acesso aos serviços públicos, a segurança e defesa dos direitos, quebrando barreiras arquitetônicas e atitudinais; mantendo e fortalecendo laços entre si, para assim o direito de permanecer, afinal não basta garantir a matrícula: inclusão implica em garantir esta permanência e garanti-la com qualidade, respeitando e valorizando a diversidade!

Esse curta-metragem fofo e encantador fala sobre a importância do sentimento de pertencimento dos alunos e do acolhimento da escola, o que fortalece para um aprendizado de qualidade e desenvolvimento humano e educacional de cada pessoa, na sua individualidade e especificidade.

Essa foi nossa coluna de Inclusão de hoje.

Com carinho, Lorena Benitez.

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