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Lula elegível, quem ganha com isso?

O ministro do STF, Luiz Edson Fachin, 7 anos após início do processo, decidiu agora que a Justiça Federal do Paraná nunca poderia ter julgado qualquer ação criminal oriunda da operação “Lava Jato” em que o ex-presidente Lula figura como réu, decisão que ainda pode ser alterada pelo julgamento dos demais ministros, mas que de pronto já afasta os efeitos da condenação em segundo grau, devolvendo a Luís Inácio a condição de elegibilidade, ou seja, Lula continua réu, agora no Distrito Federal, mas até nova condenação em segundo grau, Lula pode ser candidato, e quem ganha com essa decisão?

Seus apoiadores dirão que é povo, afinal, quando presidente, Lula foi extremamente popular e bem avaliado em virtude dos pacotes de medidas sociais que aprimorou ou implementou, o que permitiu que seu governo ultrapassasse escândalos como Mensalão em 2005, que mais tarde resultou na condenação da cúpula petista composta por José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares por corrupção ativa e formação de quadrilha (nunca expulsos do partido), bem como a renúncia do forte Ministro Palocci em meio ao escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Outros cogitam que a decisão do STF beneficia o Ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro, visto que, Lula não foi absolvido nem condenado, apenas teve suas condenações anuladas por questões processuais, afastando assim a análise de possível suspeição do ex-juiz ao longo do processo, já que os outros habeas corpus perderam o objeto, ou seja, não teriam mais porquê ser julgados, deixando Moro livre de qualquer alegação de julgamento político ou parcial, a abrindo caminho para que sua biografia continue intacta, não obstante eu acreditar que até a possível parcialidade de Moro é perdoada pela massa anti-lulista.

Por fim, outra linha de análise é que, caso Lula seja candidato a presidência, Bolsonaro seria o grande beneficiário, tendo em vista que, já em 2018, parte de sua vitória é atribuída ao anti-petismo que é materializado na figura do ex-presidente, o qual, se retornar ao embate, agora sem a máquina pública e com o petismo em baixa nas eleições de 2020, trará para Bolsonaro uma esvaziamento dos demais nomes de esquerda, polarizará novamente o processo eleitoral, além de trazer um adversário que, não obstante possuir um eleitorado fiel, não goza do mesmo prestígio de outrora, despertará novamente a aversão criada à esquerda e facilitará o caminho do bolsonarismo que tem a máquina na mão.

Minha compreensão: a decisão de Fachin se confirmada pelo pleno do STF, beneficia a pessoa do ex-presidente Lula, afinal, ninguém quer vivenciar o risco de uma nova prisão, no entanto, sobre a sua elegibilidade, não vejo um grande ganho político, apesar de Lula ser uma liderança de peso eleitoral, visto que, se candidato, promove um cenário desfavorável ao incentivo de novas lideranças de esquerda, condenam o eleitorado à maléfica polarização, torna candidatos de centro meros coadjuvantes do processos eleitoral, reduz o debate político programático que já não existiu em 2018, e trazem para o país, uma ausência de perspectiva de futuro, onde lulistas e bolsonaristas farão o exercício de defender seus candidatos ignorando o histórico de escândalos, levando o brasileiro à anestesia e apatia ética e moral em nome do “palmeiras contra coríntias” que será disputado em 2022.

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