Chegamos ao 8 de março. Neste Dia Internacional da Mulher, em que vivemos o pior momento de uma pandemia que dura quase um ano, o caráter político dessa data ganha mais notoriedade, pois a crise que se instaurou com o coronavírus deixou mais nítido que os desafios para nós são ainda mais severos. Mas, também, mostrou que tem sido nossa a posição de liderança em muitas frentes desse combate, seja nas empresas, nos lares, no poder público ou em instituições que fomentam o desenvolvimento, a exemplo da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), da qual estou como primeira presidente em uma história de 100 anos.
Caruaru, maior município do Agreste Pernambucano, é um reflexo desse movimento em que mulheres passam a ocupar espaços que historicamente nos foram negados. Nos poderes executivo e parlamentar, temos, também pela primeira vez, quatro vereadoras e uma prefeita. Em instituições representativas, como o Sebrae, parceiro da Acic, também temos mulheres comandando as ações que farão a diferença no dia a dia da população. Estamos ressignificando o papel do cuidar, que nos foi socialmente colocado, para mostrar que o cuidado também se encontra na liderança. Para além da enfermagem e do lecionar, primeiras profissões que nos foram dadas, temos mostrado nossa capacidade em todas as áreas e chamamos a sociedade a reflexão de que não é apenas nossa a missão de cuidar, mas de todos para que assim caminhemos a passos mais largos para a construção de uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.
Estando líderes, um dos maiores desafios da mulher é saber que representamos tantas outras que não possuem as mesmas oportunidades e que têm suas competências limitadas pelo preconceito, pela múltipla jornada e pela violência doméstica. Somos empreendedoras, líderes, trabalhamos, lutamos, atuamos e sofremos, mas, principalmente, queremos o desenvolvimento não apenas do nosso núcleo familiar, sonhamos mais alto, e queremos o desenvolvimento das nossas cidades e de todos que fazem parte dela, principalmente dessas mulheres que, assim como nós, estão sempre em busca do reconhecimento dos nossos direitos e do cumprimento de seus deveres.
Evoluimos, estudamos mais, na universidade, somos a maioria, assumimos responsabilidades, dentro e fora das nossas casas, provemos, em muitos casos, o sustento das nossas famílias. Em todas as classes sociais e situações econômicas, estamos dando nossa contribuição para uma sociedade mais justa e mais igualitária. O déficit é histórico e a trajetória de todas é de muita luta e força, mas, também, muitas são as conquistas que vêm transformando gerações e, assim como o 8 de março, todas precisam ser comemoradas, diariamente, para nos alimentar na conquista de outros desafios.
Ivania Porto, Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), Professora Universitária, Empreendedora e Consultora de Estratégia de Gestão Pública e de Política.