Eu fui secretária da Mulher no início do governo da Prefeita Raquel Lyra (2017-2018), e pude ver de perto as grandes carências e as grandes dificuldades, principalmente das mulheres pobres, negras, trans, periféricas e rurais e em virtude disso, nós implantamos na Secretaria da Mulher, Coordenações desses vários segmentos. Implantamos a Coordenação da Mulher Trans, da Mulher Negra, da Mulher do Campo e da Mulher Idosa. Mas todas essas mulheres ainda necessitam de políticas públicas específicas para o acolhimento de suas necessidades.
Infelizmente, nós não podemos ainda comemorar o acesso à cidadania plena. Mulheres brancas, bem nascidas, podem talvez até comemorar, mas estamos falando dessa mulher em Caruaru que sofre violência. A violência de gênero, que pode ser também na modalidade doméstica e familiar, mas não podemos esquecer que nós temos também outras formas de exclusão que vão além da violência. Nós ainda vemos muitas mulheres analfabetas, idosas pobres e periféricas que ainda não sabem sequer assinar seu nome. Mulheres que também não tem acesso ao mercado formal de trabalho. Esse é um dos grandes desafios: é a qualificação profissional.
Eu trabalhei com o Programa “Mulher que faz”, e com o “Mãos que emancipam” e fui Coordenadora do “Qualifica Caruaru” e vi muito mais a partir dessas iniciativas, uma carência gigantesca de concessão à essas mulheres mais humildes para que consigam algum tipo de qualificação profissional e de acesso à educação, para serem recepcionadas pelo mercado de trabalho, já que boa parte delas ainda vive na informalidade.
Outro grande desafio é que as Políticas Públicas em Caruaru, para mulheres, tenham uma relação de permanência e de continuidade. Infelizmente muitas vezes, quando o gestor público muda, acaba acontecendo a troca de gestor da pasta acaba acontecendo uma quebra na continuidade das políticas públicas, e isso é um equívoco.
Já tivemos muitas conquistas. Como por exemplo, o Centro de Referência à Mulher e a própria Secretaria, que é um organismo de proteção à mulher, mas mesmo assim ainda sentimos falta de políticas públicas permanentes, com continuidade e com relação de tempo, para que a gente possa pesquisar e verificar mudanças consideráveis no status daquela mulher com relação ao seu direito e cidadania.
Perpétua Dantas é Mãe, Advogada, Mestra em Ciência Política, Professora Universitária e Vereadora de Caruaru.