Seguindo minha semana de forma rotineira, me deparei com a notícia sobre novas informações do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu assessor Anderson Gomes. Confesso que, como qualquer cidadão brasileiro, já estava desacreditado, acompanhando os fatos sem ver clareza nas investigações. Mas, algo novo surgiu, uma espécie de “cagueta”, que, em nossa gíria local, significa alguém que dedura, aponta um culpado.
Os últimos avanços na investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) indicam que foram encontradas provas “precisas e incontestáveis”, corroborando exatamente o que o ex-PM Élcio de Queiroz havia revelado em sua delação premiada sobre o caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Os jornais de todo o Brasil estampam as notícias. O Rio de Janeiro parece ter se acostumado a viver sob o signo da criminalidade, e o caso de Marielle é apenas mais um episódio trágico de tantas vidas ceifadas por causa de interesses escusos de milícias, tráfico de drogas e jogo do bicho.
O que mais chocou nos novos fatos foi a premeditação do crime, a frieza na execução e, sem sombra de dúvidas, a sensação de impunidade relatada na delação premiada de Élcio de Queiroz. Esses elementos mostram como a sociedade está refém de um sistema espúrio e criminoso. Ronnie Lessa tinha tanta certeza da impunidade que, por sua experiência militar e pertencendo ao BOPE, planejou meticulosamente o crime, eliminando quaisquer provas que pudessem incriminá-lo. Resta saber se o conjunto de provas será suficiente para imputar a Ronnie Lessa a autoria desse ato criminoso.
Além disso, é importante ressaltar a demora da investigação. A inércia investigativa é, sem dúvida, um reflexo de um sistema contaminado pelo crime, que nos últimos anos deixou claro o poder político agindo em conluio com o crime organizado, colocando a segurança de juízes, promotores e policiais em risco. Esse sistema garantiu toda a tranquilidade para que Ronnie Lessa, ou qualquer outra pessoa, pudesse executar o crime.
Não quero entrar aqui em questões políticas ou ideológicas, mas é impossível ignorar que a motivação do crime poderia estar relacionada à interferência da vereadora na base política eleitoral da milícia. E a pergunta que não quer calar é: a mando de quem? O que não podemos permitir é continuar calados, assistindo desesperançados a ciclos de violência, mantendo a certeza da impunidade. É hora de esperar por uma mudança real. Nós, como sociedade, precisamos lutar para que casos como esse sejam exemplarmente solucionados e que a justiça prevaleça, independentemente das motivações ou do poder envolvido. Afinal, a vida de Marielle Franco e Anderson Gomes não pode ser apenas mais um número nas estatísticas de impunidade do nosso país.
Foto: Mídia Ninja
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