A ausência de serviços básicos de higiene, como água e sabão ou álcool gel, afeta metade das unidades de saúde em todo o mundo.
O problema envolve desde ao local de atendimento dos pacientes até os banheiros utilizados nas unidades. Os dados são de um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado nesta terça-feira (30). O documento aponta que 3,85 bilhões de pessoas fazem uso desses serviços e cerca de 688 milhões de pessoas recebem atendimentos em locais que não dispõe de nenhum tipo de mecanismo de higiene.
Segundo a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira: “As instalações e práticas de higiene em ambientes de saúde não são negociáveis. A sua melhoria é essencial para a recuperação, prevenção e preparação de pandemias. A higiene nas instalações de saúde não pode ser garantida sem aumentar os investimentos em medidas básicas, que incluem água potável, banheiros limpos e resíduos de saúde gerenciados com segurança”
A falta de higiene gera aumento das infecções, agravamentos de quadros e óbitos. Manter os serviços de saúde com suas estruturas físicas adequadas é essencial, além do cumprimento de protocolos rigorosos de controle de infecções. Esse mês por exemplo, em Pernambuco foram confirmados 36 casos de Candida auris, superfungo resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares. A identificação dos casos coloca em alerta autoridades sanitárias não somente em Pernambuco, mas em todo o país. Isto porque o microrganismo tem alta taxa de letalidade e é resistente a antifúngicos e outros medicamentos.
A OMS destaca que as mãos e os ambientes contaminados desempenham um papel significativo na transmissão de patógenos nas unidades de saúde e na disseminação da resistência antimicrobiana. Aumentar o acesso a higienização com água e sabão e limpeza ambiental é a base do controle inicial de infecções. Não é atoa que durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), a enfermeira Florence Nightingale implementou a lavagem de mãos e outras práticas de higiene nos hospitais do exército britânico. Esse era um aconselhamento relativamente novo, primeiro divulgado pelo médico húngaro Ignaz Semmelweis nos anos 1840, que observou a diferença dramática que isso provocava nas taxas de mortalidade em maternidades.
Nayara Sousa
Enfermeira Especialista em Ginecologia e Obstetrícia
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