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Uma nova linguagem para a Esquerda

Foto: Mídia Ninja

O pleito eleitoral de 2020, serviu para colocar mais ingredientes para a disputa presidencial de 2022, deixando ainda mais indefinido os possíveis quadros para a disputa. Destacando a incapacidade de Bolsonaro em transferir votos para aliados, sem interferir na avaliação dos brasileiros sobre o governo federal, como aponta a pesquisa XP Investimentos agora de Janeiro/2021, ou seja, foi um jogo sem risco para o presidente. Nessa mesma pesquisa conseguimos enxergar o surgimento de um novo jogador na disputa para o palácio do Planalto.

Guilherme Boulos (PSOL) foi a grande surpresa da esquerda no país e apareceu para fragmentar ainda mais o cenário da esquerda. Na pesquisa XP Investimentos desse mês, em simulação de segundo turno com Bolsonaro, aparece com 31% das intenções, 1% a mais que a simulação de Lula X Bolsonaro e Hadadd x Bolsonaro. Mas ainda não é o suficiente para vencer o atual presidente, que aparece com 44% das intenções no duelo com Boulos e vale ressaltar que nenhum nome da esquerda tem ainda força de intenção de votos para vencer Bolsonaro.

Na eleição municipal da capital econômica do Brasil, Boulos foi para o segundo turno com o bem avaliado prefeito, Bruno Covas (PSDB), desbancando nomes de peso do cenário político, como Russomano (Republicanos), Joice Hasselman (PSL) e Márcio França (PSB), enfrentando um cenário de pandemia e conseguindo deixar o discurso da esquerda um pouco leve, capitaneando os votos da tradicional esquerda que ora pertencera aos ex-prefeitos Hadadd e Marta Suplicy, na capital paulista.

Possível candidato natural também da esquerda, é o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), embora tenha importantes 11% nas intenções de votos em simulação de primeiro turno, ficando atrás apenas de Bolsonaro 28% e Sergio Moro 12%, Ciro esbarra no mesmo dilema da esquerda, o radicalismo e a linguagem para cativar o coração órfão do Lulismo.

O que chamou a atenção de forma geral na eleição municipal de 2020 e confirmado em pesquisa de 2021, é a necessidade de uma nova linguagem para a esquerda brasileira, é necessário atingir um novo eleitorado de esquerda que vem surgindo na era pós-Lula e que teve seus valores questionados nos escândalos da Lava-Jato, e não vê o Partido dos Trabalhadores (PT) como vocalizador para esse novo tempo. Boulos deu uma pequena demonstração que é possível ter uma nova linguagem, mas ainda está longe do ideal menos radical diante de um histórico indesejado de invasões pelo MTST. Além disso, as eleições de 2020 deram o recado junto com o período de pandemia, os eleitores não querem radicalismos, o que pode levar a fuga de votos para Sergio Moro, mesmo sendo o algoz de Lula, o único candidato de centro e até o momento capaz de vencer Bolsonaro em um possível segundo turno como ficou evidenciado na pesquisa, Moro 36% X Bolsonaro 33%.

No campo da esquerda o que se fala é de novos cenários de alinhamentos partidários para superar a rejeição do eleitorado ao PT e devolver o comando do país à esquerda. O cenário ideal deveria ser a escolha de um nome que reúna os partidos, o único que consegue e conseguiu fazer isso foi o ex-presidente Lula, que encontra-se impedido de concorrer, mas não está impossibilitado de costurar um nome. Resta saber, haverá unidade da esquerda para conter o bolsonarismo? E mesmo sem unidade, o discurso da esquerda será renovado?

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