Desde que foi anunciado como partido, o União Brasil- junção do PSL com o DEM- vem chamando atenção pela musculatura que vem adquirindo. Por juntar dois grandes partidos do congresso nacional, esse superpartido que atualmente conta com 82 deputados federais, já é alvo de desejo para as eleições de 2022. Por ter a maior bancada da câmara, o União Brasil irá abocanhar uma grande parcela do fundo eleitoral, assim como boa parcela do tempo de TV, duas variáveis que, em uma eleição, são imprescindíveis.
O fato é que as eleições desse ano serão enigmáticas, visto que iremos experimentar uma maneira híbrida de propaganda (digital +à moda antiga) e, levando isso em conta, por mais que venhamos a vivenciar um intenso tráfego de informação no digital, ainda sim viveremos eleições como na velha guarda. Com isso, do ponto de vista da disputa eleitoral para presidente da república, já se vê uma movimentação contundente em busca do apoio desse partido que, por hora, tem focado nas disputais estaduais, visando a construção de uma bancada robusta no congresso e a eleição de governadores.
Desse modo, devemos observar as movimentações nesse sentido, uma vez que, sendo os redutos estaduais uma prioridade para o União Brasil, o apoio de qualquer candidato à presidência dependerá, sobremaneira do jogo estadual. Nesta feita, apoiar um candidato somente será viável em caso de não haver prejuízos para os conchavos estaduais e, também, se o candidato tiver reais chances de decolar.
Interessante frisar, ademais, que o União Brasil se tornou um partido chave para a oposição Lula-Bolsonaro. Isso por que o partido não possui nenhuma intenção em figurar como base de sustentação para esses dois atores políticos, o que abre margem para que essa supersigla seja disputadíssima por figuras da terceira via, como Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos). Lembremos, ademais, que devido a seu tamanho, esse partido pode servir de alavanca para os principais candidatos da terceira via, haja vista que pelo tempo de TV e montante do fundo eleitoral que possui, pode impulsionar os nomes da terceira via ao patamar do Ex-presidente Lula, bem como do atual presidente Bolsonaro.
O imbróglio, no entanto, é que apesar de todo esse potencial, ainda não se sabe quem essa sigla escolherá para apadrinhar, pois ainda há divisões entre diferentes alas do partido, entre àqueles que preferem apoiar Ciro, outros que preferem Moro, outros que desejam indicar um vise para algum desses nomes, ou ainda aqueles que não querem apoiar nenhum nome.
A questão é que esse partido será peça chave para as eleições desse ano, principalmente para os nomes da terceira via. Até o momento, não há nenhuma definição, cabe a nós, somente acompanhar.
Pedro Henrique Lima
Graduando em Direito, Pesquisador do LABÔ (PUC-SP) e Estudioso da Democracia.