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Sejamos menos polarizados e mais propositivos.

No início de 2022 ainda havia grande expectativa sobre a possiblidade de algum candidato da terceira via romper o binômio de polarização causado por Lula e Bolsonaro, no entanto, a cada dia que passa, fica mais claro que o sonho de uma terceira via democrático irá morrer de inanição nos próximos meses. Tabet, Doria, Leite, Ciro, Moro (escanteado, por hora), Janones, D’ávilla e se bobear até Daciolo. A realidade é que a terceira via ainda continua pulverizada e, por consequência, enfraquecida.

Enquanto os dois principais atores (Lula e Bolsonaro) crescem e se cristalizam nas pesquisas eleitorais, a terceira via derrete por falta de unicidade. O fato é que tentar furar a bolha da polarização somente é possível com a união de figuras de peso e de partidos em torno de um único nome, realidade que, como pode-se ver, é irreal.

O PSDB de Doria continua dividido com conflito internos, entre a ala mais achegada a Doria e a ala mais próxima de Leite. Moro (UM), após não decolar nas pesquisas de intenção de voto, e se ver estagnado no Podemos, migrou para o União Brasil em busca de mais estrutura partidária e verba, mas, em contrapartida, sofre com a resistência do partido em alçar seu nome a presidência. Ciro (PDT) dificilmente conseguirá abocanhar uma parte do eleitorado lulista, situação que talvez seja sua maior intempérie, visto que por estar mais à esquerda, terá de brigar para angariar votos. Tebet (MDB), possui grande estrutura partidária, é mulher (um trunfo em um pleito dominado por figuras masculinas) e tem baixa taxa de rejeição, mas ainda sofre por ser desconhecida, algo que dificulta seu crescimento nas pesquisas.

A verdade é que em uma batalha de gigantes, a terceira via somente será viável se todos se reunirem, colocando os pés sobre os ombros uns dos outros. Isso significa, uma junção de estrutura partidária, verbas, visibilidade e apoio público. Infelizmente, o ego e o orgulho ainda são preponderantes na hora de tomar decisões na política, principalmente em se tratando da corrida presidencial. Por hora, a terceira via continua na mesma, parada, estagnada pela falta de planejamento, projeto e visão. Ao invés de buscar um debate anacrônico para falar que Lula fez aquilo ou que Bolsonaro é isso, algo que acaba por engolir a terceira via, devia-se ir em busca de discussões propositivas, planos de governo, soluções para inflação, juros, alta da gasolina, desemprego e dólar alto.

Enquanto a terceira via não compreender isso, teremos mais do mesmo. Enquanto ela preocupa-se em bater em Lula ou Bolsonaro, as intenções de voto em cada um desses dois candidatos só cresce. Para alcançar a viabilidade, é necessário, por parte da terceira via, enxugar o número de candidatos, apresentar projetos propositivos para resolver os problemas do nosso país e criar uma identificação/conexão com eleitorado. Somente assim, quem sabe, teremos avanços.

Pedro Henrique Lima

Graduando em Direito, Pesquisador do LABÔ (PUC-SP) e Estudioso da Democracia.

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