Rivalidade Feminina

Por diversas vezes me vejo diante de um tema que se perpetua por muitos e quase todos os espaços, desde a infância até aos grupos de idosas, de trabalho, da escola ou na família. Então eu não podia deixar de trazer a reflexão sobre como e porque se manifesta e qual o nosso papel diante dessa realidade.

Quando vamos discorrer sobre os desafios e as maiores dificuldades de ascensão na carreira das mulheres, podemos observar quão nociva pode ser a existência de um entrave gigantesco: a existência do fenômeno da rivalidade feminina.
Considerado um dos maiores desafios das mulheres no mercado de trabalho, no empreendedorismo ou ainda na vida comum, esse obstáculo, é um dos grandes impeditivos da equidade de gênero, pois é alimentado por uma estrutura de sociedade onde culturalmente as mulheres são incentivadas a subestimar e inferiorizar outras mulheres.

Desde muito pequenas as meninas recebem validação desse comportamento, inclusive usando o parâmetro da beleza e do corpo, para distanciar umas das outras. As reproduções deste modelo são amplamente difundidas. Nas brincadeiras a cooperação e o incentivo a fortalecer a autoestima umas das outras não é uma ferramenta comum, sendo que os frutos dessa falta de acolhimento são mulheres com dificuldades de se aceitar como são, de serem felizes com seus corpos e ainda uma verdadeira trava em fortalecer o crescimento umas das outras. Tais comportamentos não podem ser confundidos com a simples ideia e o conceito de competir, pois vai muito além disso, inviabiliza a própria competição.

Quando a competição é saudável, podemos destacar que as pessoas competem entre si, melhorando suas características, potencialidades e se desenvolvendo. Já a rivalidade conta com aspectos de deslealdade, falta de ética, desrespeito e desvalorização. Um fenômeno complexo que tem seu escopo desenvolvido em torno do ser digna aos olhos dos homens – que é uma lógica distorcida quanto a igualdade – impulsionando as ações de mulheres praticando violências contra outras mulheres.

Tudo isso faz com que a sociedade como um todo não as enxergue com dignidade e isso deveria ser um direito fundamental da humanidade, de todos e todas. Não devemos culpabilizar as mulheres por esse comportamento, afinal ele é uma construção social, mas ao levantarmos o diálogo sobre o tema e reconhecermos que são também femininas as maiores características ligadas a solidariedade e ao cuidado: poderemos reverter a prática e criar mais ambientes onde as mulheres prosperem unidas.

A alteração é necessária, agir no fortalecimento desse acolhimento e aceitação do próprio ser, o que vem na contramão desta cultura que enaltece a rivalidade feminina.

São esses movimentos que transformam nossa cultura, nossa essência e enfim nossa sociedade.

Encontramos sim mulheres que se apoiam e movimentos que fortalecem o fim dessa visão deturpada de que não podemos nos unir. Buscar promover a empatia, abrir a perspectiva de que as mulheres não são rivais e sim companheiras, que necessitam de rede de apoio, incentivo e torcida para que possam vencer e alcançar seus sonhos, essa é a trilha de uma sociedade com mais justiça social. Convido você a praticar mais respeito e menos rivalidade e ser parte dessa mudança!

Por Luana Marabuco
Advogada; Pós-Graduada em Direito Público e Gestão de Pessoas; e Secretária da Mulher de Caruaru-PE.

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