Em reunião com a secretária Ana Elisa Sobreira, governador solicitou prioridade para o caso. Vítima teve 40% do corpo queimado por um adolescente, que foi preso em flagrante
Em reunião na manhã desta segunda-feira (28.06) com a secretária Estadual da Mulher, Ana Elisa Sobreira, o governador Paulo Câmara determinou que a pasta acompanhe e preste todo o apoio necessário à mulher trans, de 33 anos, que teve 40% do corpo queimado, após um adolescente ter ateado fogo nela, na madrugada da última quinta-feira (24.06), próximo ao Cais de Santa Rita, na região central do Recife.
“A agressão física geralmente é o auge de uma série de violências que a população LGBTQIA+ sofre durante toda sua trajetória. O papel do Estado é manter os canais para que essas violações sejam denunciadas e investigadas, e para tentar impedir que essa população continue sendo sistematicamente vítima da violência e da discriminação”, enfatizou Paulo Câmara.
O governador lembrou ainda que o dia 28 de junho é uma data importante na luta contra o preconceito e em favor da diversidade. “É inadmissível que, na segunda década do século XXI, o preconceito e o ódio ainda impeçam as pessoas de serem quem são. Defendemos uma sociedade pacífica, plural e democrática”, finalizou.
A secretária Ana Elisa Sobreira destacou que vai atuar em parceria com as demais secretarias de Estado para proporcionar o apoio necessário à vítima e sua família. “Daremos todo suporte, seja na questão de saúde e acompanhamento psicológico para ela e seus familiares. Faremos o possível para que ela se restabeleça. Além disso, estamos criando o Comitê de Prevenção e Enfrentamento às Violências LGBTfóbica para avaliar e acompanhar os casos de violência intragoverno e, numa segunda etapa, com a sociedade civil”, explicou.
Ana Elisa informou que a primeira reunião de estruturação das atividades do comitê acontecerá nesta terça-feira (29.06), com a participação das secretarias estaduais da Mulher, de Desenvolvimento Social Criança e Juventude, de Defesa Social, de Direitos Humanos, de Saúde e de Educação. A Secretaria da Mulher também realizará, nas primeiras semanas de julho, uma campanha de enfrentamento à violência LGBTQIA+, com divulgação em todo o Estado. “Com essas ações pretendemos sensibilizar a sociedade para o respeito à diversidade, contra qualquer tipo de violência LGBTfóbica e à garantia dos seus direitos”, concluiu.
DADOS – De acordo com a Secretaria de Defesa Social do Estado, até maio deste ano 13 pessoas da população LGBTQIA+ foram vítimas de Crime Violento Letal Intencional (CVLI) em Pernambuco. Esse número representa 0,9% dos 1.429 CVLIs registrados em todo o Estado no período. No ano passado, o total de CVLIs contra essa população em Pernambuco foi de 47, correspondendo a 1,3% do total de 3.758 crimes contra a vida notificados em 2020.
Além disso, foram registradas 1.106 ocorrências de violência contra pessoas que se identificam como LGBTQIA+, o que inclui crimes de lesão corporal, maus-tratos, estupro, difamação, calúnia, racismo e injúria racial. As estatísticas levam em conta a orientação sexual ou gênero declarados pelas vítimas. Não necessariamente a motivação dos crimes teria sido a intolerância de gênero ou homofobia. No caso ocorrido no Cais de Santa Rita, a Polícia Civil está investigando as circunstâncias da violência praticada.
Foto: Aluisio Moreira/SEI