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Os presidenciáveis e os palanques estaduais na eleição de 2022

No Brasil não é novidade que o presidencialismo de coalizão é a ideia força que mapeia as estratégias de campanha de qualquer candidato a qualquer cargo eletivo, portanto para refletir sobre eleições, é imprescindível se debruçar sobre todos os níveis da federação (Municípios, Estados e âmbito Federal). De fato, o palácio do planalto sempre será o alvo principal, mas no regime presidencialista em que vivemos, sem uma boa base no congresso (senado e câmara) presidentes tendem a cair.

Nesse sentido, o ano de 2022 nos promete eleições paradigmáticas. Em primeiro lugar, tudo indica que teremos no pleito para presidente o ex-presidente Lula, apesar de todos os percalços, e o atual presidente da república Jair Bolsonaro. Além do mais, vale ressaltar os outros vários candidatos que fazem parte da chamada terceira via, como é o caso de Ciro Gomes, Sergio Moro, João Doria, Simone Tabet e tantos outros. Até o momento, nenhuma novidade.

Interessante, no entanto, é olhar para alguns pontos controversos. Sempre que se idealizada campanhas para presidência da república, é natural que os candidatos busquem parcerias estaduais, principalmente com aqueles atores que, assim como eles, disputam por cargos majoritários, como é o caso dos candidatos aos governos estaduais. Politicamente, esses acordos são feitos para facilitar que os candidatos a presidente tenham mais penetração no eleitorado, e, da mesma forma, permitir o caminho contrário, viabilizando candidaturas ao governo estadual. Novamente, nenhuma novidade.

Meu ponto, entretanto, é que este ano (2022), algo particular está se articulando no cenário político eleitoral: haverá casos em que os presidenciáveis irão apoiar mais de um candidato nos estados, algo um tanto quanto inusitado. Em São Paulo, por exemplo, tudo indica que teremos a candidatura do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, assim como a candidatura do ex-vice-governador Marcio França. O impasse? França é do PSB, enquanto Haddad do PT e, pelo que tudo indica, teremos alianças do âmbito nacional com a chapa Lula-Alckmin, lembrando que Lula é filiado ao PT, enquanto Alckmin está recém-chegado no PSB. Uma confusão, certamente.

Pelo que tudo aparenta, as alianças estaduais continuam a ser peças chaves para o pleito, mas, pelo que tudo indica, alguns setores estão abertos para relativizar a monogamia em nome de um bem maior. O próprio Fernando Haddad, no podcast A malu tá on, da jornalista Malu Gaspar, disse que se necessário fosse, não via qualquer problema em haver uma divisão de palanques na esfera estadual, entre partidos aliados. O motivo? Se seguirmos o entendimento mais à oposição ao governo atual, entenderemos que em 2022, a oposição não deseja cometer o mesmo erro que em 2018: Fragmentação. Pelo menos, a oposição mais à esquerda do espectro político pensa dessa maneira.

No último pleito houve uma grande pulverização da aposição, algo que, de certo modo, abriu alas para a direita mais radical e bolsonarista. Esse ano, pelo que tudo indica, será mais comum observarmos alianças mais sólidas no aspecto nacional, enquanto que, nos estados, veremos o contrário, alianças mais relativizadas, com mais de um candidato ao governo sendo apoiado pelo mesmo candidato à presidência. O fato interessante que nos indica nesse sentido, é que o próprio PSB, apesar de querer selar a chapa Lula- Alckmin, não participará da federação partidária junto com PT, PV e PCdoB.

Se seguirmos nessa estrada, será evidente que no âmbito nacional a tônica da oposição será: Fora, Bolsonaro, enquanto que nos estados veremos pleitos diversos, desde a direita até a esquerda.

Pedro Henrique Lima

Graduando em Direito, Pesquisador do LABÔ (PUC-SP) e Estudioso da Democracia.

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