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Os desafios da Mulher em Pernambuco.

O dia internacional da mulher procura chamar a atenção para as disparidades e desigualdades com que as mulheres são tratadas ao longo dos séculos no mundo ocidental. É um dia de conscientização, em que procuramos pensar em tudo o que já foi conquistado, mas também no quantos percalços ainda precisam ser ultrapassados. Afinal, num país em que uma mulher é agredida fisicamente a cada dois minutos, uma outra é estuprada a cada oito minutos e uma terceira é vítima de feminicídio a cada sete horas (Anuário Brasi leiro de Segurança Pública, 2020), o dia 8 de Março precisa ser encardo como um dia de luta, para não esquecermos que ainda precisamos batalhar por direitos básicos como a autonomia, a liberdade de escolha e até pelo direito à própria vida.

É preciso lembrar que foi só em 1988 que a Constituição Brasileira passou a reconhecer as mulheres como iguais aos homens. E até bem pouco tempo atrás (2006), a violência doméstica ainda era tratada como um crime de menor potencial ofensivo, ou seja, uma contravenção cuja pena do agressor era convertida em prestação de serviços à comunidade ou em doação de cestas básicas a entidades assistenciais. Assim, foi apenas em pleno século XXI, que as brasileiras conseguiram ser enxergadas em suas vulnerabilidades resultantes de um sistema que as objetifica e as neutraliza como pessoas.

No entanto, apesar destes avanços, não podemos fechar os olhos e reconhecer a precariedade da nossa embrionária estrutura de apoio às mulheres. Ainda temos muito pelo que batalhar. Ainda é necessário debater sobre esta cultura machista e patriarcal que permite que as mulheres sejam relegadas aos espaços domésticos e cujas agressões físicas, morais, psicológicas e financeiras sejam protegidas sob a desculpa da intimidade e da privacidade doméstica. Sob este aspecto, nada é mais explícito do que o dito popular ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’. Este é o tipo de pensamento que em muito contribui para o silêncio das vítimas e consequente subnotificação de casos.

Quantas de nossas mães e avós não tiveram uma vida de agressões baseada no silêncio e na solidão, em nome da manutenção de uma imagem social que corrobora e compactua com a violência a partir do instante em que se omite diante dos indícios e fatos? É preciso estar atento aos sinais. E essa é uma responsabilidade de todos nós. Não feche os olhos e estenda mão – este é apenas o primeiro passo.

Delegada Gleide Ângelo – Deputada Estadual por Pernambuco e por todas as Mulheres

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