Onde mora minha alma?

Não é onde você mora, mas, como você mora. É sobre isso que vamos refletir. Morar é muito amplo e significativo. Registro logo que não estou falando economicamente ou sociologicamente. A morada nos acolhe, nos liberta das amarras que usamos para conviver. Nos ressignificamos quando temos um ambiente para o ócio criativo, que é diferente do ócio produtivo. Nos inspira para sermos mais leves.

Tudo que te faz bem deve estar no lugar que você habita. A morada deve ter sua cara e geralmente tem. Se pensarmos bem, nossa casa foi modificando-se e evoluindo junto conosco. Ter sua identidade enraizada nos pequenos detalhes, mostra uma personalidade, mais que isso, mostra trajetória.

É muito gostoso chegar na casa de alguém e encontrar características tão pessoais de quem mora ali. Não é vazia ou fria, tem vida. E pulsa como qualquer ser vivo. As cores (são estudadas por profissionais holísticos) e quando bem usadas nos fazem tão bem. A luz faz uma diferença, seja natural ou indireta no anoitecer. O verde bem colocado remete a tranquilidade, à vida. O cheiro, ah… como é bom entrar em uma casa e sentir o perfume do ambiente.

Precisamos disso. Precisamos investir naquilo que nos faz bem, sempre.  Vivemos extremamente sem tempo, estressadas e quase sempre ansiosos. Somos o todo e precisamos investir em partes que são duradouras e importantes. Não falo em dinheiro, é muito maior essa reflexão, falo em qualidade de vida em nossa casa. Muitas vezes escolher passar um final de semana em casa, com um olhar para si é tudo que estávamos precisando para um bom freio de arrumação.

Colocar uma música, um filme. Sentir o cheiro do ambiente, perfumá-lo se preciso for. Comer uma boa comida de verdade, como diz Rita Lobo – sem ser processada, feita com ingredientes naturais. Nada mais saudável. Dá um tempo nas redes sociais. Conversar com o outro. A nova geração precisa saber o que gostamos ou não. O que falamos, dos nossos sonhos. Precisamos ser referência para quem nos sucede.

E por fim, aproveitar sua companhia junto aos seus ou sozinha. Sentir o tanto de coisas simples e boas a vida nos oferece. Me conta aí, como é morar para você?

Por Ivania Porto
Doutoranda em Ciências Políticas na UFP/Porto. Professora e coordenadora dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Asces-Unita. Consultora de Gestão e Estratégia.

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