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O dilema de Moro

A decisão do Ministro Edson Fachin soou como um míssil lançado direto do Supremo Tribunal Federal para impactar o cenário político nacional, desmantelando o rumo das articulações de mandatários e aspirantes, tanto ao Congresso Nacional como ao Palácio do Planalto. Ninguém contava com a “ressureição” do ex-presidente Lula, que com ele trouxe gás para fortalecer o clima de polarização da disputa presidencial de 2022, ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

Porém, o verdadeiro protagonista do ocorrido ficou imperceptível aos olhos de muitos, simplesmente por não está entre os 11 ministros da Corte Constitucional, nem tampouco figurar em uma das cadeiras do Legislativo ou do Executivo. Trata-se do ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro que, num espaço curto de cerca de dois anos, viajou de juiz federal, herói da operação lava-jato e postulante à uma vaga no Supremo, para ex-ministro com atuação questionável em ambos os cargos ocupados.

Hoje, Moro mergulhou fundo num dilema pessoal que é jurídico e político ao mesmo tempo. Tornou-se peça-chave na pauta do Supremo Tribunal Federal, que julgará sua suspeição, e, paralelamente, virou coringa dentre as forças de centro no tabuleiro eleitoral de 2022, por ser algoz de Lula e Bolsonaro, o que automaticamente o empurrou para longe das forças extremas.

Resta saber se o ex-ministro terá o traquejo e, sobretudo, a mesma coragem que marcou sua trajetória, para entrar de vez na disputa política e arcar com todos os riscos que envolvem assumir uma candidatura. O fato é que, na arena eleitoral, surgem para ele caminhos distintos, tortuosos ou menos difíceis, que vão da postulação ao cargo de Presidente da República, com reais chances de compor uma chapa de centro como candidato a vice-presidente, até uma vaga na Câmara ou no Senado Federal pelo Estado do Paraná.

Felipe Ferreira Lima
Advogado, Mestre em Ciências Jurídico-Políticas, Professor Universitário, Presidente do Instituto Egídio Ferreira Lima.

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