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Marilia Mendonça, pioneira no quesito acessibilidade e inclusão social nos shows

Seja qual for seu gosto musical, em algum momento já deve ter ouvido alguma música da Marilia Mendonça, e quem não a conhecia, terminou conhecendo-a com a pior das notícias. Aos 26 anos, Marilia Mendonça vivia o auge da carreira. Nos meses que antecederam sua morte, que aconteceu nesta sexta-feira (5), após acidente de avião em Minas Gerais, a cantora havia acabado de voltar aos palcos. Uma artista que além de empoderamento feminino, coragem, simplicidade e carisma, deixa o ensinamento de que a inclusão social pode sim estar presente até mesmo em um show musical.

Marilia fez sua primeira live na quarentena, em 8 de abril de 2020, provavelmente ela não imaginou que, além de fazer a alegria de mais de 3 milhões de espectadores isolados em suas casas devido à pandemia, ela chamaria atenção por colocar no canto da tela os intérpretes de Libras – a Língua Brasileira de Sinais. A “rainha da sofrência”, anunciou que ofereceria o recurso de tradução para surdos. A live, que foi gravada no jardim da casa da cantora, contou com interpretação para LIBRAS (língua brasileira de sinais, para pessoas surdas) e com audiodescrição.

A audiodescrição é a tradução das imagens em palavras, recurso de acessibilidade comunicacional que visa ampliar o entendimento de pessoas cegas, com baixa visão, idosos e pessoas com deficiências cognitivas, por exemplo.

Esta foi a primeira LIVE que teve a língua de sinais e a audiodescrição simultânea, ao vivo e feita por descritoras com acesso remoto ao evento (por conta do isolamento social imposto pela situação de pandemia enfrentada). A tarefa era a de descrever em tempo real os gestos, passos de dança, movimentos e até as mensagens de fãs que eram apresentadas na tela. Marilia deu um show de humanidade e empatia, além do profissionalismo e qualidade que encantam os fãs.

Muita coisa não entendemos, nem está ao nosso alcance e nem muito menos decisão, mas o que nos resta é entender que, enquanto ela era viva fez o possível para unir as pessoas com as suas canções e as suas ações.

Espero que esse exemplo perdure, e se torne realidade em todos os espetáculos artísticos, pois inclusão social é isso, a capacidade de uma sociedade entender e se adequar para receber e atender as necessidades de todos que fazem parte dela. Que essa atitude pioneira seja mais um legado deixado por essa cantora, compositora e instrumentista tão amada.

Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.

Mateus 5:4

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