A doação de órgãos é um ato nobre e pode salvar vidas. Embora, no Brasil, o tema ainda seja um tabu, o Hospital Regional do Agreste (HRA) vai na contramão dessa realidade e conseguiu realizar, na manhã desta quarta-feira (7), a terceira captação de múltiplos órgãos só este ano. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levaram o coração de helicóptero para o Recife. Os demais órgãos foram encaminhados via terrestre por uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
“Em menos de seis meses, conseguimos realizar o feito de efetivar três captações. Isso só corrobora o trabalho comprometido que a equipe do HRA vem realizando, desde o diagnóstico da morte encefálica do paciente até a sensibilização da família em relação à doação. Esse engajamento e toda a entrega devem ser parabenizados e reconhecidos”, ressalta Guacyra Pires, diretora-geral do HRA.
O coração foi encaminhado para um paciente de 16 anos, com insuficiência cardíaca, que estava em prioridade para transplante. O fígado foi para um idoso de 62 anos. Os rins e as córneas vão para receptores ainda não definidos.
A doação de múltiplos órgãos só é feita mediante a identificação de morte encefálica. Para que se obtenha esse diagnóstico, o paciente é submetido a avaliações, testes e exames para fechamento do protocolo. Após todas essas etapas, a família é entrevistada e pode fazer a autorização ou a recusa da doação. “É importante falar sobre todos os processos que envolvem a doação de órgãos. Desde a constatação de morte encefálica do paciente, passando pela conversa sobre o assunto com a família, que é um momento difícil, porém necessário para conseguirmos salvar vidas, até os testes que fazemos para ver se ele é apto para doação”, explica Raianne Monteiro, coordenadora da Central de Transplantes em Caruaru.
A coordenadora reforça a relevância da conscientização e sensibilização quanto ao tema. “Só com a informação correta de como ocorre todo o processo e de como ele é importante, vamos conseguir sensibilizar famílias e equipes de saúde sobre a magnitude desse ato”, ressalta. Ela aproveita para agradecer à família da doadora, uma jovem de 33 anos vítima de acidente automobilístico. “Precisamos destacar a sensibilidade da família da doadora, que autorizou a doação. Em meio ao luto, a família não hesitou em dizer sim e, com isso, vai salvar outras vidas”, pontua.
DADOS DE PERNAMBUCO:
Em Pernambuco, no ano passado, foram realizados 1375 transplantes, entre órgãos sólidos e tecidos. Atualmente, o estado tem 2937 pessoas aguardando um órgão (dados de abril). Pode ser doador qualquer pessoa que venha a morrer por morte encefálica e que sua família autorize a doação dos órgãos ou tecidos. Algumas poucas doenças, como alguns tipos de câncer e o HIV, impedem a doação. Para doar córneas, o doador pode ter tido morte com coração parado.