Cidades do Agreste, que vivem o pior momento da pandemia, receberão a maior parte dos equipamentos, destinados a filtrar o ar ambiente e fornecer oxigênio puro.
O Governo de Pernambuco anunciou, em coletiva de imprensa online, o envio, a partir desta quinta-feira (27.05), de 149 concentradores de oxigênio para cidades pernambucanas, com o objetivo de auxiliar os gestores municipais na qualificação da assistência à Covid-19. Ao todo, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) remeterá equipamentos para 44 cidades, 29 delas no Agreste, para onde serão enviados 99 aparelhos. A destinação do material foi discutida com os gestores municipais em reunião, na última quarta-feira (26.05), e pactuada na Comissão Intergestora Bipartite (CIB) na manhã de hoje.
Os concentradores de oxigênio filtram o ar do ambiente e fornecem apenas o oxigênio puro (5 litros por minuto) para o paciente. Com isso, o equipamento pode substituir os cilindros de oxigênio, que precisam ser preenchidos constantemente por uma empresa que forneça gases medicinais. “O Governo de Pernambuco tem garantido o fornecimento de oxigênio nas unidades da rede estadual, destinada aos casos mais graves, e também estamos atentos para auxiliar como for possível os municípios, possibilitando que os casos leves sejam absorvidos nos serviços municipais”, explicou o secretário estadual de Saúde, André Longo.
O secretário ressaltou ainda que não há risco de desabastecimento. “Estamos trabalhando em conjunto com os municípios pernambucanos, porque os problemas deles são problemas nossos. Os municípios e unidades que têm tanques de O2 não têm o que temer. Inclusive temos plantas industriais em Pernambuco, responsáveis pelo abastecimento de oxigênio de outros Estados do Nordeste. O problema relatado por alguns municípios está na logística de reabastecimento de cilindros de O2. Neste sentido, oficiamos o MPPE, porque há indícios de interesses comerciais por trás de algumas dificuldades dos municípios”, destacou.
Além dessa oferta de concentradores de oxigênio, já foi realizado contato com o Ministério da Saúde solicitando mais 500 equipamentos, também para distribuição entre os municípios pernambucanos.
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO – Os últimos indicadores epidemiológicos apontam que o Agreste de Pernambuco vivencia o pior momento da pandemia de Covid-19. Em análise dos indicadores epidemiológicos da última semana e dos 15 dias anteriores, divulgada nesta quinta-feira (27.05), a 2ª Macrorregião de Saúde registrou um aumento de 35% em apenas uma semana e de 55% nas últimas duas, nas solicitações de vagas de UTI para pacientes suspeitos ou confirmados para a doença na região.
O cenário na localidade já está repercutindo, inclusive, nas outras macrorregiões. O Estado inteiro notificou, no mesmo período, crescimento de 15% e 18% nas solicitações, respectivamente. “Nenhum sistema de saúde consegue suportar a velocidade de crescimento de demanda que observamos na região nesta última semana”, alertou André Longo. As análises epidemiológicas apontam, ainda, que, em relação aos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), Pernambuco teve um aumento de 17% nas notificações em uma semana e de 22,5% em 15 dias. No mesmo período, a 2ª macrorregião de Saúde registrou aumento de 20% e 48%, respectivamente.
O secretário disse, ainda, que o Governo de Pernambuco está atento também à situação da Região Metropolitana e da Zona da Mata, já que a I Macrorregião de Saúde, em uma escala menor, também registrou dados preocupantes, com aumento de 9% nas solicitações de UTI em uma semana e de 9,8% em 15 dias. Além do crescimento de 15% e 16,7% nas notificações de SRAG em uma semana e 15 dias, respectivamente.
Longo lembrou que, além do respeito às medidas restritivas, é preciso uma mudança de comportamento da população. “Precisamos reverter esta situação, o que só será possível com o engajamento e conscientização de todos. O curso da pandemia está em nossas mãos. Nossas atitudes serão determinantes para o futuro e o controle da pandemia”, concluiu.
A secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico, Ana Paula Vilaça, que também participou da coletiva online, reforçou que a intensificação das medidas restritivas será decisiva para a diminuição da doença no Estado, mas que somente com a mudança de postura dos pernambucanos é que esse quadro poderá ser revertido. “ Não bastam os decretos se a gente não tiver uma mudança urgente do nosso comportamento. Precisamos seguir todos os protocolos, usar a máscara de forma correta o tempo inteiro e em qualquer lugar e respeitar o distanciamento social. O momento exige que a gente redobre os cuidados”, disse.