Os possíveis reflexos de acordos internacionais no Polo de Confecções do Agreste foram debatidos na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Nesta quinta-feira (16), a Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo, presidida pelo deputado Erick Lessa, realizou uma audiência pública sobre o tema. Na ocasião, foi destacada a necessidade de união de forças para proteger esta matriz econômica. Os acordos internacionais entre o Brasil e países asiáticos preveem a redução, ou até a supressão, das taxas de importação dos produtos de vestuário, que atualmente são de 35%. Na prática, as negociações poderão gerar uma concorrência desleal prejudicando milhares de trabalhadores que integram o Polo Têxtil. Encaminhamentos como a ampliação da articulação com outras esferas; aprofundamento do debate sobre o comércio internacional e a realização de estudos diagnósticos deverão ser realizados nos próximos dias.
O deputado Erick Lessa abriu a audiência apresentando estudos sobre os impactos dessas negociações, realizados por órgãos como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). “Várias pesquisas mostram que o setor têxtil em todo o Brasil será impactado negativamente, o que gera uma especial preocupação com nosso Polo”, destacou. “Neste momento, precisamos unir forças em torno de um objetivo, deixando de lado qualquer coloração partidária e abraçando a causa do nosso Polo, que é uma grande matriz econômica de Pernambuco”, conclamou o deputado, que ainda citou as particularidades locais do aglomerado e salientou que “a grandeza do Polo advém da força empreendedora e criativa da população”.
Durante a audiência, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Roberto Abreu, mencionou dados recentes sobre o aglomerado de iniciativas produtivas. Atualmente, há 9200 empresas formalizadas no Polo Têxtil, gerando 277 mil empregos formais, dos quais 60% situam-se na Região Agreste. A perspectiva é que existam números semelhantes na informalidade. “Estamos preocupados e nos solidarizamos com todos os que fazem o Polo de Confecções, pois esses acordos comerciais podem trazer muitos efeitos colaterais à nossa região”, disse.
O prefeito de Toritama, Edilson Tavares, analisou a relevância da produção de confecções para o desenvolvimento daquele município, que é o menor do estado de Pernambuco em extensão territorial. “Em Toritama, temos uma monocultura, já que 97% da população vive da confecção. Acordos como esses são arquitetados por pessoas que não conhecem esta realidade e têm uma nocividade sem precedentes. Vamos levantar a bandeira de Pernambuco, pois não há chama mais perfeita do que a pressão popular”, declarou o gestor da ‘Capital do Jeans’.
Também presente na audiência pública, o secretário executivo da Fazenda, Anderson Freire, declarou que a pasta está à disposição para favorecer a causa. O vereador Leomar Cícero, de Altinho, descreveu a relevância do segmento têxtil para o município. Já o vereador Flávio Pontes, de Santa Cruz do Capibaribe, transmitiu uma mensagem do deputado federal Eduardo da Fonte em favor da pauta. O vice-prefeito de Taquaritinga do Norte, Gena Lins, também pontuou acerca do papel dos empreendimentos no crescimento regional.
Ainda estiveram no evento o diretor da Associação Pernambucana dos Atacadistas de Tecidos, Confecções e Artigos de Armarinho (Apatec), João Cândido Júnior; Pedro Moura (Associação dos Sulanqueiros); Lenilson Torres (Parque 18 de Maio, Setor Fundac); o ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Edson Vieira; o empresário Allan Carneiro; o presidente estadual do PSL, Frederico França; o presidente da Câmara Têxtil e de Confecções do Estado, Valmir Ribeiro; o vereador de Santa Cruz, Emanuel Ramos; e o analista de comércio exterior Helter Tôrres; entre outros. A audiência pública contou com a cobertura de vários órgãos da imprensa de Pernambuco.
Foto: Viliane Gomes