O avanço tecnológico trouxe inúmeras transformações para a sociedade, e a presença dos dispositivos eletrônicos tornou-se ubíqua em diversos contextos. No entanto, sua influência no ambiente escolar tem sido objeto de intensos debates. Nesse sentido, o governo brasileiro sancionou recentemente uma legislação que restringe o uso de celulares e outros dispositivos móveis nas escolas de ensino básico em todo o território nacional. A medida, que busca melhorar a qualidade do ensino e proteger o desenvolvimento cognitivo e emocional dos estudantes, representa um marco importante para a educação no país.
A nova legislação tem como principal objetivo reduzir as distrações em sala de aula e aprimorar a concentração dos alunos. Estudos indicam que a presença do celular durante o período escolar interfere diretamente na capacidade de atenção e na retenção de conteúdo. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), por exemplo, apontou que 80% dos estudantes brasileiros relataram dificuldades de concentração nas aulas de matemática devido ao uso excessivo de dispositivos móveis.
De acordo com o texto da lei, a proibição abrange tanto o período letivo dentro das salas de aula quanto os momentos de intervalo e recreação. A única exceção permitida é o uso dos dispositivos para fins pedagógicos e didáticos, desde que sob a supervisão de professores e com objetivos previamente definidos. Além disso, alunos que necessitam de recursos digitais para fins de acessibilidade terão permissão especial para utilizá-los.
Os Impactos na Saúde Mental e no Desenvolvimento Acadêmico
Um dos grandes desafios da contemporaneidade é o impacto das novas tecnologias na saúde mental dos jovens. Diversas pesquisas apontam que o uso excessivo de telas está associado ao aumento da ansiedade, à diminuição da autoestima e até mesmo ao agravamento de quadros de depressão. O ambiente escolar, que deveria ser um espaço de aprendizado e socialização, muitas vezes se transforma em um local onde a hiperconectividade prejudica as interações interpessoais e o desenvolvimento emocional dos estudantes.
Com essa nova regulamentação, espera-se que os alunos tenham uma experiência escolar mais equilibrada, com maior engajamento nas atividades acadêmicas e na convivência com colegas e professores. A redução da dependência do celular no ambiente escolar poderá proporcionar benefícios não apenas no desempenho acadêmico, mas também na saúde emocional e na qualidade dos relacionamentos interpessoais.
A restrição do uso de celulares nas escolas é uma medida que visa não apenas melhorar a qualidade do ensino, mas também preservar o desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos estudantes. O equilíbrio entre a tecnologia e as práticas pedagógicas tradicionais é essencial para preparar as futuras gerações para os desafios do século XXI, garantindo um ambiente escolar mais produtivo, saudável e enriquecedor.
Ao adotar essa legislação, o Brasil segue uma tendência já observada em diversos países que implementaram medidas semelhantes e colheram benefícios significativos. Cabe agora às famílias, escolas e à sociedade como um todo garantir que essa mudança seja implementada de maneira eficaz, promovendo uma educação mais qualificada e alinhada às necessidades reais dos alunos.
Nayara Sousa
Fundadora e Diretora do Centro de Ensino do Agreste.
Pedagoga. Mestranda em Educação – Orlando/Florida-EUA. Especialista em Gestão de Pessoas. MBA em Gestão Empresarial. Enfermeira. Especialista em Saúde Pública e Vigilância Sanitária, Saúde da Mulher.