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EDITORIAL: A posse de Lula e o resgate do simbolismo democrático

Ontem (01/01/2023), a posse do presidente Lula foi marcada por uma cerimônia repleta de mensagens políticas através dos atos e discursos, o chamado “simbolismo” presente em todos os grandes atos políticos no mundo. O que ganhou a cena foi o simbolismo democrático.

O simbolismo democrático é um conjunto de símbolos e cerimônias que representam os valores e princípios fundamentais da democracia. Em uma cerimônia tão importante como a da posse presidencial, o simbolismo promoveu a participação cívica e o respeito pelas instituições democráticas. No geral, o simbolismo democrático é um elemento importante para a preservação e fortalecimento da democracia. A organização do evento foi idealizada pela esposa e primeira dama Janja Silva, que evidentemente se esforçava para que tudo saísse perfeito.

O discurso de Lula no Congresso foi um dos pontos altos da cerimônia. Em suas palavras, o presidente adotou um tom mais incisivo, o Presidente disse que não tem “ânimo de revanche”, mas anunciou que haverá punição para quem tentou “subjugar a nação a seus desígnios pessoais e ideológicos” responsabilizando os culpados pelos problemas enfrentados pelo país. Tanto que editou decreto que revoga uma série de normas do governo Jair Bolsonaro (PL) que facilitavam e ampliavam o acesso da população a armas de fogo e munição. Os atos são previsíveis pois além de estarem alinhadas ao campo ideológico do Presidente, fizeram parte de sua plataforma de campanha.

A posse de Lula também marca o início de um desafio ainda maior para o presidente: governar um país dividido politicamente. Lula fez questão de evidenciar isso no discurso proferido no parlatório, convocando um sentimento de unidade nacional. “A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país. Não existem dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação.” disse o presidente.

A ausência de Bolsonaro para passar a faixa presidencial abriu espaço para demonstração de um gesto democrático emocionante. A entrega da faixa quebrou os protocolos e, pela primeira vez, um grupo de pessoas foi escolhido para fazer a condecoração de Lula com o objetivo de representar o “povo brasileiro”. Foram eles:

  • Francisco, 10 anos, morador de Itaquera, São Paulo-SP;
  • Aline Sousa, 33 anos, catadora;
  • Cacique Raoni, representante indígena;
  • Wesley Rocha, 36 anos, metalúrgico;
  • Murilo Jesus, 28 anos, professor;
  • Jucimara Santos, cozinheira;
  • Ivan Baron, que teve paralisia cerebral, influencer na luta anticapacitista;
  • Flávio Pereira, 50 anos, artesão;

Além dos convidados, a cachorra “Resistência”, adotada quando Lula ficou preso em Curitiba, também subiu a rampa do Planalto. Sem dúvida, esse foi o ponto alto da posse presidencial, carregado com o simbolismo que a ocasião pede.

Com a polarização evidente no resultado eleitoral de 2022, Lula terá que trabalhar arduamente para tentar unir o país e promover um ambiente favorável para os brasileiros. Mas a composição ministerial proposta por Lula já é um sinal claro para que politicamente haja governabilidade. Nas últimas 3 formações ministeriais do presidente Lula, essa é a que conta com a menor participação do PT (com 10 ministérios) e a maior participação de partidos ao centro, como UNIÃO, MDB e PSD (ambos com 3 ministérios cada).

Embora o ex-presidente Jair Bolsonaro utilizasse do simbolismo para evidenciar o amor à pátria e à bandeira, Lula conseguiu sensibilizar a todos com a mensagem de inclusão da sociedade nos atos governamentais, subir uma rampa nunca teve tanta inclusão. Um bom começo para quem necessita quebrar os muros que foram criados com os radicalismos exacerbados da política eleitoral brasileira.

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