Esperar que 10 chicotadas sejam aplicadas para que o mundo desperte de um sono inebriante que assola a humanidade por séculos, é lamentável. A cada chicotada a força e o requinte de crueldade aumentava, fazendo com que tudo parecesse normal. Mas estamos no século XXI, onde os avanços como sociedade deveriam ser evidentes, mas infelizmente ainda não são.
O último episódio de racismo que chocou o mundo, sofrido pelo jogador Vinícius Jr., do Real Madrid, no domingo (21/05/2023), ficará gravado na história negativa do futebol mundial e da humanidade. Podemos chamar de “A décima chicotada”, em referência aos 10 episódios de racismo que o jogador já enfrentou na Espanha.
O que mais causou espanto foi a normalização dos episódios pela ‘La Liga’, organizadora do campeonato espanhol, que tentou atribuir a responsabilidade dos episódios à vítima das cruéis “chicotadas”. E precisamos gritar para o mundo: VINI JR. NÃO É O RÉU!
Somos brasileiros, convivemos com o fantasma do racismo que teve a sua pior face no tempo da escravidão. Não podemos aceitar nenhuma chicotada, a escravidão acabou e o racismo também deve acabar. Caminhamos sob o ideal de Nelson Mandela que sonhava em um dia onde “todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”
Que esse episódio sirva de lição não apenas para a Espanha, mas em nosso Brasil também, onde muitos não entendem que o nosso valor não está na cor da nossa pele, mas na humanidade que carregamos.
Foto: Pablo Morano
