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Desgoverno da covid causa possível crise do governo?

No último dia 18 (quinta-feira), o Datafolha divulgou pesquisa indicando que 54% dos brasileiros consideram a gestão de Bolsonaro frente a pandemia péssima ou ruim, apesar de ainda ser possível verificar um seguimento da população que mantem sua fidelidade para com o presidente da república. De acordo com o Datafolha, o grupo mais fiel ligado ao presidente representa cerda de 14% da população, sendo esse grupo responsável por 45% das avaliações positivas que ele, presidente, recebe. Já o segundo grupo de apoio, são 21% da população, respondendo por 31% das avaliações positivas recebidas pelo presidente. Segunda a pesquisa, essa segunda classe representa o segmento não tão fiel, que apesar de ter votado em Bolsonaro em 2018, é a favor de medida como distanciamento social, uso de máscara e vacina.

O ponto é que o desgoverno na gestão da crise sanitária tem se tornado uma variante cada vez mais presente na equação da política nacional. Nos últimos 4 meses, o presidente tem visto sua popularidade despencar de 37%, em dezembro de 2020, para 30% no mês de março, frente ao agravamento da crise de Covid-19, que, até o momento, já deixa mais de 300 mil mortes. O imbróglio, no entanto, assenta-se no fato de que caso ele ainda deseje uma reeleição em 2022, muitas mudanças e posturas no governo devem ser mudadas para ontem.

Primeiro grande questão é seu recém casamento com o centrão, que já dá indícios de uma possível crise. Após a troca no Ministro da Saúde, com saída de Eduardo Pazuello para dar lugar ao médico Marcelo Queiroga, muitos membros do centrão, incluído o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ficaram descontentes com a decisão de colocar o cardiologista ao invés da médica Ludhmila Hajjar, nome cotado pelo grupo político. Além do mais, com crises não apenas na saúde, o presidente tem sofrido pressões políticas para dar adeus a outros ministros, como o Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que insiste em fazer do Itamaraty se banker ideológico, comprometendo relações importantes com a china, uma das principais produtoras de vacinas contra a covid-19.   Não bastando todos esses impasses, a falta de distribuição de cargos nos ministérios é outro dos fatores que pode dificultar sobremaneira a governabilidade do presente nos próximos meses.

Com vários ministros sem vinculação partidária, sejam militares ou cidadãos comuns, a não distribuição de ministérios e cargos para lideranças do centrão, compromete a governabilidade de Bolsonaro, algo essencial em um momento onde sua popularidade cai diariamente e sua rejeição, seja para gestão da pandemia ou intenção de voto, cresce galopante. Além do mais, com a volta do ex-presidente Lula ao jogo político, o presidente deve prestar ainda mais atenção, pois com um discurso mais parecido com o Lula “paz e amor” de 2002, o ex-presidente tem buscando construir pontes e alianças preciosas com lideranças mais ao centro, imprescindíveis para o pleito de 2022.

Portanto, ou o presidente muda de conduta frente as diversas ameaças, como já tem feito ao declarar que “nossa arma é a vacina”, ou então o fantasma do impeachment pode se tornar uma realidade cada vez mais presente no governo. Afinal, Bolsonaro será capaz de lidar com os diversos problemas que começam a tomar musculatura dentro do seu governo, ou será engolido à Dilma, pela queda crescente de popularidade, aumento da taxa de jurus e pulverização da base aliada?

Pedro Henrique Lima
Graduando em Direito, Pesquisador do LABÔ (PUC-SP) e Estudioso da Democracia

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