Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os câncer de mama e de colo de útero estão entre os três tipos da doença que têm a maior incidência em todo país, com mais de 80 mil novos casos todos os anos. As mulheres acometidas por estes diagnósticos enfrentam um obstáculo a mais: por serem enfermidades que atingem órgãos relacionados à autoestima feminina, os impactos psicológicos consequentes do diagnóstico trazem uma significativa repercussão na vida delas.
Ciente da complexidade da situação, a Delegada Gleide Ângelo apresentou o projeto de lei nº 2130, que determina a responsabilidade do Estado em criar políticas públicas específicas para as mulheres com esses tipos de câncer. A proposta determina que o Estado promova o acolhimento humanizado, o compartilhamento de informações e o apoio psicossocial às mulheres com câncer de mama ou câncer do colo do útero, especialmente àquelas que realizaram ou que precisarão realizar a cirurgia de mastectomia ou histerectomia (retirada parcial ou total da mama ou do útero), prezando pela sua privacidade e respeito às suas decisões.
Para isso, deve haver a disponibilização de um local apropriado para realização de reuniões de cunho informativo sobre o câncer de mama e o de colo do útero, onde também serão discutidos os procedimentos relacionados à mastectomia e histerectomia. As marcações de exames necessários à prevenção, diagnóstico e controle do câncer devem acontecer com celeridade, além de possibilitar o acesso rápido ao oncologista, proporcionando tratamento farmacêutico, quimioterápico e radioterápico imediato, de acordo com a recomendação médica. O Estado também deverá se comprometer com a oferta de perucas, lenços, gorros, luvas, próteses externas e sutiãs especiais, a depender de cada caso – em especial no período pós-operatório.
Uma pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos (SP) e do centro oncológico americano MD Anderson Cancer Center mostrou que 40% das mulheres que estão fazendo quimioterapia ou radioterapia são abandonadas pelos companheiros, o que acarreta em quadros com o desenvolvimento de doenças como depressão, angústia e ansiedade. “Quando há o agravamento desses tipos de câncer muitas mulheres têm que realizar cirurgias mais drásticas, como a mastectomia e a histerectomia. Então, além de um tratamento medicamentoso fisicamente exaustivo, elas ainda têm de lidar com o abalo psicológico da cirurgia de remoção das mamas ou do útero. Há casos em que, em virtude disso, elas sofrem a rejeição e o abandono de seus companheiros. É necessário muita sensibilidade para ajudar essas mulheres, promovendo seu fortalecimento físico e psicológico”, explica a Delegada.