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Como socorrer artistas de Caruaru em um cenário sem São João?

Não tivemos Carnaval em 2021 e, com o fim de fevereiro, já se antevê um segundo ano consecutivo sem São João em Pernambuco. Se os políticos pernambucanos estiverem prestando atenção nisso, a análise é simples e direta: vai faltar sustento para artistas e produtores culturais no caso de não haver festividades juninas. E, especificamente, em Caruaru, Capital do Forró, falamos de um baque gigantesco.

Afinal, há uma tradição de grupos, coletivos, artistas e produtores que desenvolvem projetos e produções voltadas para as festas juninas na cidade. Mas, com a dificuldade de ampliar a cobertura de vacinas em todo o país, acompanhado do aumento vertiginoso do número de casos de novo coronavírus, a tendência é de intensificação do número de medidas restritivas de isolamento e distanciamento social. O próprio secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre, falou sobre isso nessa reportagem aqui. Sendo assim, já está mais do que na hora de analisar como socorrer nossos artistas em um cenário sem São João.

Contudo, quais as opções? Exemplos práticos de municípios e estados que já disponibilizaram auxílios próprios não faltam. Abaixo, algumas possibilidades que podem ser analisadas para encontrar soluções.

Lei Aldir Blanc
O secretário Gilberto Freyre já sinalizou essa hipótese. Para auxiliar aquelas pessoas que trabalham no São João, os recursos viriam da Lei Aldir Blanc. O posicionamento atual da Secult-PE é aguardar a manifestação do Governo Federal a fim de que ocorra a liberação desses recursos, que seriam a ferramenta principal para a atividade cultural durante o ciclo junino.

Renda estadual
Uma alternativa seria a criação de um auxílio estadual para artistas. Em fevereiro, o governo de Pernambuco anunciou um auxílio de R$ 3 milhões, com recursos do tesouro estadual, para artistas, grupos musicais e agremiações carnavalescas. A liberação será feita por meio do edital de Auxílio Emergencial Ciclo Carnavalesco de Pernambuco, divulgado na sexta, 5 de março. Para festividades juninas, agora seria o tempo certo de começar a planejar um aporte parecido, que poderia ser destinado para eventos de Caruaru e de outras cidades, levando em consideração, sobretudo, tratar-se de uma festa que dura 30 dias por todo o estado.

Parceria com iniciativa privada
Em Recife, a prefeitura elaborou um projeto de lei de auxílio em parceria com a iniciativa privada, sendo R$ 4 milhões em recursos. Desse aporte, R$ 1,5 milhão veio da Ambev, patrocinadora principal de eventos carnavalescos no município. No caso do São João de Caruaru, o leque de patrocinadores que investem anualmente na festa é grande e poderiam integrar projetos de valorização e renda para o setor.

Remanejamento de recursos
Já em Olinda, o governo municipal elaborou um projeto de lei para remanejar R$ 1 milhão em suporte aos artistas e também para catadores de lixo reciclável. Realocar recursos em nível local seria uma saída para que Caruaru não dependesse de respostas do governo federal ou estadual.

Seja qual for a alternativa viável, essa crise ressalta a urgência de uma melhor utilização de políticas culturais existentes, bem como a criação de outras que prevejam o estímulo à cultura de forma permanente.

Na Terra de Vitalino, isso tem sido uma tecla batida várias vezes. Basta lembrar que há anos o Conselho Municipal de Cultura busca destravar a regulamentação do Fundo Municipal de Cultura, que, no papel, tem a finalidade de prestar apoio financeiro a projetos estimulem a atividade artística e cultural no município. A realidade é diferente, contudo. Vemos na vitrine uma festa rica, reconhecida no mundo todo. Internamente, o preço por não haver um projeto de longo prazo para política pública de cultura na Capital do Agreste é essa sombra que se aproxima de artistas locais sempre que uma crise se anuncia em nível nacional.

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Johnny Pequeno
Jornalista, Produtor audiovisual e Diretor da @produtoravertigo

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