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Caminhabilidade urbana

Estima-se que dois terços da população no Brasil andam a pé, de bicicleta, ou em transporte público, segundo os dados divulgados pela Corridaamiga.org (agosto de 2020). Considerando a quantidade de habitantes em nosso país, deduzimos que o número é expressivo.

A depender da distância percorrida, pode não ser confortável optar por esses modais para se deslocar, seja para trabalhar, estudar ou buscar os serviços ou ocomércio da cidade. Há um aspecto social e econômico que abordaremos em breve em nossa coluna, mas por horavamos ponderar sobre a dimensão caminhabilidade x infraestrutura.

No citado levantamento, foi destacado também que problemas no uso dos modais afetam principalmente a população mais vulnerável: crianças, idosos e deficientes físicos.

– Calçadas irregulares, com buracos, estreitas e obstruídas: 80%

– Falta de segurança pública (assédios, assaltos): 31%

– Falta de segurança viária (velocidade de veículos, travessias perigosas): 27%

– Falta de acessibilidade (rampas, piso tátil, semáforos sonoros): 23%

Como, então, solucionar esses problemas tão recorrentes nas cidades? Na minha opinião, o primeiro passo é acabar com o “jogo de empurra” sobre quem é o responsável pela calçada, se o dono do lote ou o poder público.

Nesse aspecto o poder público tem que ser protagonista, estabelecendo padrões alinhados com as normas de acessibilidade e acompanhar sua aplicação, principalmente em novas construções. Vou mais além: as diretrizes do plano diretor da cidade devem contemplar calçadas mais adequadas para os futuros loteamentos, por exemplo, passando de míseros 1,50m para quiçá 2,5 a 3m (sonhando aqui). Além de respeitar essa largura e seguir o padrão de acessibilidade NBR9050, as calçadas devem ser arborizadas para amenizar o calor durante o dia e bem iluminadas durante a noite, para colaborar com a segurança pública social, preferencialmente com câmeras de segurança conectadas a uma central de monitoramento dos serviços da cidade. 

Mas o que fazer com a estrutura que temos agora? Depois que a cidade “cresceu” sem esse entendimento e planejamento, é buscar alternativas que facilitem a vida dos caminhantes, quem sabe definindo rotas de maior fluxo de pedestres, avançando com um urbanismo tático, recuperando um espaço que é por direito das pessoas.

Entre o ideal e o que dá para ser feito, temos que perseguir a melhoria contínua.

Diante de todo o exposto acima, quero destacar que a mobilidade ativa, a pé e de bicicleta, e o transporte público eficiente, são as formas mais sustentáveis de deslocamento, por fazerem muito bem à cidade e ao futuro dela. É por isso que políticas públicas arrojadas em benefício desses modais devem ser priorizadas em qualquer cidade.

Por fim, compartilho com vocês a seguinte citação:

“Acima de tudo, nunca perca a vontade de caminhar. Todos os dias, eu caminho até alcançar um estado de bem-estar e me afasto de qualquer doença. Caminho em direção aos meus melhores pensamentos e não conheço pensamento algum que, por mais difícil que pareça, não possa ser afastado ao caminhar.” – Søren Kierkegaard

Acompanhe nossa coluna aqui no https://blognovocontexto.com.br. Vamos semanalmente trazer um tema correlato a mobilidade urbana e sustentabilidade, deixando você familiarizado e antenado.

Eu sou Ricardo Henrique, especialista em gestão de mobilidade urbana e sustentabilidade e Presidente da Fundação Mobilicei  e estou à disposição para junto com você fomentar a boa mobilidade! 

Instagram @mobilicei 

Abração!

1 comentário em “Caminhabilidade urbana”

  1. Não vejo problema no poder público tercerizar a responsabilidade das calçadas aos moradores, desde que esses sejam devidamente orientados quanto às formas de padronização e normatizações, como também haja fiscalização das mesmas.

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