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Bruno Araújo renova mandato à frente do PSDB nacional, impondo uma derrota ao grupo de Doria.

O PSDB renovou o mandato de seu presidente, Bruno Araújo (PE), por mais um ano a partir de maio, impondo derrota ao governador João Doria (SP) após ele ter aberto uma crise na sigla. Na segunda (8), em um jantar no Palácio dos Bandeirantes, aliados do tucano apresentaram a ideia de colocá-lo na cadeira de Araújo ao fim do mandato do dirigente.

Com isso, buscariam fortalecer a posição de Doria no partido, visando acentuar o caráter de oposição ao governo de Jair Bolsonaro e unificar a sigla em torno da candidatura presidencial do governador em 2022. O próprio Araújo estava no jantar, e se viu surpreendido pelo anúncio. Outros presentes não alinhados com Doria, como o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira (SP) e o líder na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), apresentaram objeções à ideia.

A tática voltou-se contra Doria. Revelada pelo jornal Folha de S.Paulo na tarde seguinte, a proposta contrariou até aliados do governador. Falando publicamente, o governador não tocou no tema, mas centrou fogo na sua ideia de que o PSDB precisa ser de oposição clara a Bolsonaro.

E apontou para o deputado Aécio Neves (MG) como foco de dissidência governista dentro do partido, sinalizada no apoio de boa parte da bancada na Câmara ao candidato do Planalto ao comando da Casa. Isso gerou um embate duro entre os dois, com acusações mútuas e o pedido de afastamento do mineiro por parte do governador. Essa parte da crise ainda está inconclusa, embora haja uma definição por parte de Doria de deixar a temperatura abaixar.

Já a questão de Araújo evoluiu negativamente para Doria. Um movimento de todos os diretórios estaduais do partido sugeriu uma recondução geral de mandatos, usando a pandemia como desculpa. Na realidade, queriam dar um sinal ao paulista. Sem opção, Doria aquiesceu e o diretório paulista, comandado por seu aliado Marco Vinholi, também aderiu à proposta que foi consumada de forma unânime na reunião desta sexta. A ideia havia recebido apoio da maioria da bancada na Câmara e de todos os senadores da sigla.

Com isso, há uma pacificação relativa no partido. Araújo virou presidente da sigla em 2019 com o incentivo direto de Doria, o que não o torna exatamente um adversário. Por outro lado, ficou claro ao governador que o tucanato vai vender caro a unidade para 2022. A apresentação do governador gaúcho Eduardo Leite como alternativa presidencial, antes vista apenas como um diversionismo de adversários de Doria, agora é um fato concreto.

Em um almoço em Porto Alegre com 21 parlamentares na quinta (11), Leite sinalizou que topa assumir a posição. Aliados de Doria dão de ombros quando se fala em prévias, lembrando que o tucano venceu as duas que enfrentou para ser candidato e vencer a prefeitura paulistana (2016) e o governo estadual (2018).

Mas o jogo nacional é diferente. Se a questão não for resolvida neste semestre, haverá dificuldades de montagem de palanques estaduais em torno de uma candidatura Doria. O preço cobrado por potenciais partidos aliados também sobe. Desde a reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998, apenas em 2014 o partido foi para o pleito unido. O resultado foi a quase vitória de Aécio Neves no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).

Além de Leite, Doria também terá de lidar com a resistência na bancada federal, Aécio à frente. Com isso, a acomodação com Araújo dá um respiro provisório ao clima de turbulência, mas não encerra a questão. Aliados de Doria argumentam que o protagonismo nacional do governador na pandemia da Covid-19, onde derrotou até aqui Bolsonaro no manejo da crise por seu investimento na vacina Coronavac, dá a ele uma condição natural de candidato.

Para eles, se o PSDB se fizer de difícil, corre o risco de perder Doria para alguma sigla alternativa. Já entusiastas de Leite dizem que o gaúcho traria um ar de novidade para a corrida, apesar de admitirem que ele tem menor densidade política do que o paulista.

Fonte: Folhapress

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