A sexualidade está relacionada à vida, sensações, sentimentos e emoções relacionados ao prazer. Como envolve diversas dimensões humanas, é um tema muitas vezes difícil de ser tratado e, por isso, permeado de dúvidas, preconceitos, estereótipos e tabus.
A deficiência envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais, que se referem à lesão, limitação de atividade ou restrição de participação, proveniente do diagnóstico, a forma como tal fato é entendido pelo sujeito e como a sociedade lida com essa condição de diferença, em termos de direitos, justiça social e políticas de bem-estar.
Atualmente, essas temáticas são debatidas de forma aberta, porém, quando associadas, causam incômodo, primeiramente, porque a sexualidade costuma ser relacionada apenas ao ato sexual e, em segundo lugar, quando envolve pessoas com deficiência, provoca discussões sobre as possíveis dificuldades sexuais, orgânicas e psicossociais, vivenciadas por esses sujeitos.
No que se refere a sexualidade das pessoas com deficiência, alguns mitos foram estabelecidos e disseminado, como por exemplo, que estas são assexuadas ou pervertidas. Também existem ideias errôneas de que não precisam receber orientação sobre sexualidade, que são incapazes de manter um vínculo amoroso e sexual, têm disfunções sexuais, não necessitam de privacidade, geram filhos com deficiências e/ou não tem condição de cuidar de si mesmas.
A falta de informações e de educação sexual faz com que as Infecções Sexualmente Transmissíveis acometam significativamente esse público. A sociedade precisa ser educada para compreender que os Direitos Sexuais e Reprodutivos pertencem a todos os indivíduos que a compõe, e estes devem ser exercidos de forma positiva e saudável.
É extremamente importante que a família se preocupe desde cedo em fornecer todas as informações necessárias para as crianças deficientes sobre sua sexualidade, respeitando a maturidade de cada fase e compreendendo que ali existe uma pessoa com suas individualidades e desejos. Também se deve buscar acompanhamento de um profissional de saúde, para explicar as mudanças fisiológicas ocorridas no corpo e ajudar os pré-adolescentes e adolescentes a lidarem com essa fase de forma mais leve.
Outro fator importante sobre saúde sexual da pessoa com deficiência é compreender que em alguns casos, existe uma vulnerabilidade maior para abusos sexuais, quando estas não aprendem sobre os limites entre carinho e abuso, por exemplo. A educação sexual traz também proteção.
São diversos fatores que envolvem a saúde sexual da pessoa com deficiência — e a inclusão social está no cerne de quase todos. Aceitar a diversidade, respeitar limitações e valorizar potencialidades dessa população precisa ser prioridade nas políticas públicas e também nas atitudes de todos nós.
Essa foi a COLUNA DE SAÚDE de hoje. Me acompanhe através do Instagram @nayara_gsousa.
Nayara Sousa
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia
Consultório da Mulher – Empresarial Difusora