Perto de completar 10 anos, o Dia de Zero Discriminação, celebrado em 1º de março, surge da iniciativa do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Em 2014, a ONU, dentro da sua agenda de esforços em promover o combate a toda forma de discriminação, institui o 1º de março como mais uma oportunidade em celebrar a diversidade e rejeitar qualquer tipo de preconceito.
Geralmente tendemos a confundir preconceito, discriminação e desigualdade. O preconceito seria uma atitude natural do ser humano com relação ao desconhecido, ao que não lhe é comum, ao que está fora da sua vida cotidiana. Neste sentido, ao se deparar com o fato, o fenômeno ou o comportamento diferente, naturalmente sentimos um estranhamento. Porém, o estranhamento pode ser significado de forma negativa e propiciar ações práticas de exclusão, marginalização e menosprezo. Isso é o que chamamos de discriminação, bem como a materialização por meio de ações práticas, como o xingamento, os olhares inquisidores, a negação de emprego, a violência física, etc.. E, por fim, quando temos a materialização destas práticas, temos um processo de distribuição desigual dos bens econômicos e simbólicos. Tal desigualdade se materializa na saúde, na educação, no trabalho, na moradia, na representação política e nos direitos. Neste sentido preconceito, discriminação e desigualdades estão intimamente interligadas.
Diante deste cenário, em 2021, o Unaids destacou a necessidade urgente de refletir e agir para acabar com as desigualdades em torno de renda, sexo, idade, estado de saúde, ocupação, deficiência, orientação sexual, uso de drogas, identidade de gênero, raça, classe, etnia e religião que continuam a persistir em todo o mundo. Marcadores importante, que integrados, podem intensificar as desigualdades. Portanto, em 2023, é essencial reafirmar, reforçar e celebrar a agenda positiva de combate a qualquer forma de preconceito, discriminação e desigualdades e incentivar políticas públicas que tenham em suas pautas características tão caras para garantia da paz social, da solidariedade e da fraternidade.
Por Aristóteles Veloso
Docente do UniFavip Wyden, Mestre e Doutor em Sociologia