Não virou manchete de jornal nem ganhou destaque na grande mídia. Porém, perdemos nesta semana um dos maiores cordelistas da antiga geração. Seu nome, Eneias Tavares dos Santos. Alagoano de Marechal Deodoro, escreveu folhetos que se transformaram em verdadeiros clássicos da poesia popular. ‘A carta de Satanás a Roberto Carlos’; ‘A vingança de uma fada e um anão misterioso’; ‘Morte, enterro e testamento de João Grilo’ são alguns desses títulos que enriquecem nosso imaginário.
Também de sua lavra é o cordel ‘Lamentação de um cavalo indo para o matadouro’, obra que conheci pela voz do declamador Nerisvaldo Alves – que a interpreta com muito sentimento. Assim, Nerisvaldo é uma das expressões que enaltecem e perpetuam o legado do autor, que precisa ser melhor conhecido pelas novas gerações.
Nascido em 1931, o cordel passou a fazer parte da vida de Tavares em 1947. Além de exímio escritor, foi um renomado xilogravador. Inclusive, desenvolveu essa técnica de maneira autodidata. Desenvolveu trabalhos como a Via-Sacra para a Galeria de Arte de Aracaju-SE.
O poeta morreu na madrugada da quarta-feira, dia 29 de junho. A cultura nordestina ficou enlutada. Oxalá que pesquisadores, poetas, professores, estudantes e jornalistas se irmanem no propósito de eternizar as obras desse ícone.
Coluna assinada por Jénerson Alves
Jornalista, professor, especialista em Ensino de Língua Portuguesa e Suas Literaturas. É assessor parlamentar e integrante da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel.