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Os prematuros da Covid-19

Com o aumento de casos de Covid-19 em 2021 e a variante P.1 como cepa prevalente, houve um verdadeiro “avalanche” de nascimentos de bebês prematuros, lotando maternidades e UTIs neonatais em diferentes cidades do país. A variante primeiro identificada em Manaus e rebatizada de Gamma pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é mais transmissível e capaz de driblar parcialmente anticorpos produzidos pela vacina ou por infecções anteriores de Covid.

Nos primeiros cinco meses desse ano foram notificados 7.679 casos da infecção em grávidas. As pesquisas apontam que as chances de desenvolver a forma grave da doença são mais elevadas em gestantes. Em muitas situações, o parto precisa ser antecipado para tentar salvar a vida da mãe e bebê, o que gera uma alta demanda de internamentos em UTIs Neonatais. É importante destacar que para que isso aconteça, é necessário que o internamento seja em uma Unidade de Terapia Intensiva exclusiva para Covid-19, pois não pode misturar esses prematuros com outros, levando a uma sobrecarga ainda maior.

A realidade dessa superlotação é em todo o país. Nesses meses, inúmeros partos ocorreram sem ser no bloco cirúrgico, sendo realizados ali mesmo na UTI Covid, com a grávida intubada, devido ao risco adicional de baixa de oxigenação na transferência. Para os obstetras que atuam diretamente com o parto, essa é uma situação de extrema dificuldade, principalmente por estarem habituados com a vida e não com a morte nesse processo. O parto representa um renascimento de todos que o cercam, e quando o desfecho deste é a morte, consideramos uma grande tragédia.

Destaco que a prematuridade em si não é somente o problema. Existem consequências a longo prazo que podem ser percebidas. Quanto maior o grau de prematuridade, maior poderão ser as dificuldades apresentadas anos posteriores como dificuldades alimentares, imunidade baixa, crescimento restrito, entre outros. Além dos efeitos colaterais que a própria Covid poderá acarretar.

O que podemos dizer é que a pandemia trouxe inúmeras situações complexas. O problema de vagas em UTI Neonatal sempre existiu, e nesse momento se tornou ainda mais grave. Um outro problema pouco falado é sobre quem cuidará desses prematuros posteriormente. Muito ficaram órfãos e as famílias terão que se adaptarem a isso e outros possuem mães com sequelas importantes, inclusive de amnésia. Os impactos maternos-infantis continuarão a serem sentidos inclusive após a pandemia, o que representa que temos um longo caminho pela frente!

Essa foi a Coluna Saúde de hoje.
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