Tribunal aponta indícios de irregularidade em acordo que validou eleição de 2022; vice Fernando Sarney deverá conduzir novo processo eleitoral
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), em sentença proferida nesta quinta-feira (9) pelo desembargador Gabriel Zefiro. A medida, de caráter liminar, determina ainda que Fernando José Sarney, atual vice-presidente da entidade, assuma interinamente o comando da CBF e organize uma nova eleição para a diretoria, conforme prazos previstos no estatuto da entidade.
A decisão judicial é consequência de um processo que questiona a validade do termo de acordo firmado em 2022 e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o qual reconheceu a eleição de Ednaldo Rodrigues. O documento teria sido assinado por diversos dirigentes, incluindo o ex-presidente interino da CBF, coronel Antônio Carlos Nunes, cuja assinatura está sendo contestada por suspeita de falsificação. O texto do despacho afirma que há indícios consistentes de que o coronel Nunes, por questões de saúde, “não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade”, sugerindo que seus atos teriam sido “guiados” por terceiros.
Além de Nunes, também assinaram o termo os dirigentes Fernando Sarney, Castellar Neto, Rogério Caboclo, Gustavo Feijó, a Federação Mineira de Futebol e a própria CBF. Na segunda-feira anterior à decisão, o próprio Fernando Sarney protocolou um pedido formal de afastamento de Ednaldo e solicitou urgência na análise do caso. O desembargador Gabriel Zefiro atendeu ao pedido e estabeleceu que Sarney assuma como interventor até a posse de uma nova diretoria. Em caso de impossibilidade, o comando interino poderá recair sobre o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Otávio Noronha, ou o vice mais velho da CBF, Rubens Lopes.
Ednaldo Rodrigues estava em Luque, no Paraguai, participando de uma assembleia da Fifa na sede da Conmebol, ao lado do presidente da entidade máxima do futebol, Gianni Infantino, quando a decisão foi anunciada. Ao ser questionado sobre o caso, antes de tomar conhecimento do afastamento, o dirigente afirmou que estava tranquilo. “Quem faz as coisas corretas não tem o que temer. Respeitar os posicionamentos e acreditar na Justiça”, declarou. Ele também defendeu a legitimidade da assinatura de Nunes: “Foi o diretor jurídico que conduziu com respaldo. Ele [Nunes], na presença da esposa e da filha, que é advogada, assinou com convicção”.
Com o afastamento, a CBF entra novamente em um cenário de instabilidade política e jurídica, em meio a um ciclo de reformas internas e à expectativa pela chegada do técnico Carlo Ancelotti, cuja contratação teve Ednaldo como principal articulador. A decisão pode impactar também a governança da entidade no processo de transição e definição de estratégias para a seleção brasileira e o futebol nacional.
Com informações da Veja e UOL