Florence Nightingale (1820–1910) foi uma enfermeira britânica pioneira na enfermagem moderna, famosa por sua atuação humanitária durante a Guerra da Crimeia.

Ela revolucionou os cuidados hospitalares e fundou a primeira escola secular de enfermagem. Embora na época sua condição tenha sido atribuída a brucelose ou febre tifoide, muitos especialistas atuais acreditam que ela apresentava sintomas compatíveis com fibromialgia ou síndrome da fadiga crônica (encefalomielite miálgica) — doenças pouco compreendidas até hoje.
Após retornar da guerra, Florence passou a maior parte da vida acamada e debilitada, sofrendo com:
- Fadiga severa
- Dores crônicas no corpo
- Insônia
- Problemas neurológicos e gastrointestinais
Por que ela se tornou símbolo da conscientização da fibromialgia?
- Representa a luta contra a dor invisível.
- Inspira força e resiliência diante da limitação física.
Por isso, o 12 de maio, data de seu nascimento, foi escolhido como o Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia e doenças correlatas. A data de hoje visa conscientizar a população sobre a existência e os impactos da fibromialgia, combater o preconceito e os estigmas que cercam a doença e dar visibilidade às pessoas que convivem com a dor crônica, fadiga extrema, distúrbios do sono e outros sintomas.
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica que representa um desafio significativo na prática clínica devido à sua complexidade e impacto na qualidade de vida dos pacientes. Ela é caracterizada por dor generalizada e fadiga, frequentemente acompanhada por distúrbios do sono, sintomas cognitivos e alterações no humor. É reconhecida como uma síndrome complexa que afeta múltiplos sistemas do corpo. A condição é mais prevalente em mulheres, com uma proporção de 6 a 8 mulheres para cada homem afetado, e ocorre principalmente na faixa etária de 25 a 65 anos. Estima-se que a prevalência no Brasil seja de 2,5% da população.
A fibromialgia é uma condição de saúde complexa, muitas vezes cercada por mitos que dificultam sua compreensão e o diagnóstico correto. Aqui estão alguns mitos e verdades sobre a fibromialgia:
MITOS
- “Fibromialgia é coisa da cabeça.”
❌ Mito. A fibromialgia tem causas biológicas reais. Embora envolva alterações na forma como o cérebro processa a dor, não é uma doença imaginária. - “Só mulheres têm fibromialgia.”
❌ Mito. Apesar de ser mais comum em mulheres (cerca de 80-90% dos casos), homens e crianças também podem desenvolver a doença. - “Exercícios físicos pioram a dor.”
❌ Mito. A prática regular de exercícios leves e supervisionados (como caminhada ou hidroginástica) pode ajudar a reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida. - “Não tem tratamento.”
❌ Mito. A fibromialgia não tem cura, mas tem tratamento. Medicamentos, fisioterapia, psicoterapia, mudanças no estilo de vida e exercícios físicos são eficazes para controlar os sintomas. - “Quem tem fibromialgia é preguiçoso(a).”
❌ Mito. A fadiga extrema é um sintoma real da fibromialgia, e não falta de vontade. O cansaço não melhora com descanso comum e sim com tratamento e acompanhamento adequados.
VERDADES
- A dor é real e generalizada.
✅ Verdade. A dor da fibromialgia é difusa, persistente e pode se espalhar por várias partes do corpo. - Distúrbios do sono são comuns.
✅ Verdade. Muitas pessoas com fibromialgia têm dificuldade em dormir profundamente, o que agrava os sintomas. - Diagnosticar pode ser difícil.
✅ Verdade. Não há um exame específico para fibromialgia. O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e na exclusão de outras doenças. - Estresse e fatores emocionais influenciam os sintomas.
✅ Verdade. Situações de estresse, ansiedade ou depressão podem piorar os sintomas, mas não são a causadores da doença. - Pode haver sensibilidade aumentada a estímulos.
✅ Verdade. Pessoas com fibromialgia costumam ser mais sensíveis à dor, luz, sons e até cheiros.
Hoje, 12 de maio, Dia Mundial de Conscientização da Fibromialgia, somos convidados a refletir:
Quantas vezes julgamos o outro pela aparência, sem imaginar a luta interna que ele enfrenta?
Florence Nightingale, símbolo dessa data, nos deixou uma lição poderosa: mesmo diante da dor, é possível deixar um legado. Mesmo limitada fisicamente, ela transformou a enfermagem e inspirou o cuidado com o ser humano em sua totalidade — corpo, mente e alma.
Assim como Florence, milhares vivem hoje com fibromialgia: lutando para serem ouvidos, compreendidos, diagnosticados e respeitados. O maior gesto de empatia que podemos oferecer é acreditar na dor do outro, mesmo que ela não seja visível aos nossos olhos.
A importância desta data vai além da informação. Ela é um pedido de escuta, de sensibilidade e de humanidade. Porque, no fim, todos nós só queremos ser vistos — inteiros, com nossas dores, limites e esperanças.
Hoje, dedico esta coluna à querida Romilda Teixeira — mulher que admiro profundamente. É com ela que aprendo, dia após dia, o que é resiliência de verdade, o poder da empatia e a coragem de quem enfrenta a fibromialgia com uma força silenciosa, mas imensa. Sua luta me toca, me ensina e me inspira. Amo você, minha amiga!
Por Lorena Benitez
Paraguaia, Acadêmica de Direito, membra da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Caruaru, Fundadora do Instituto Benitez Jones e Coordenadora do Orgulho Down de Caruaru.