União Progressista embaralha o jogo político em Pernambuco

Os bastidores da política pernambucana voltaram a ferver. Em poucas semanas, movimentos de bastidores sinalizaram o início de uma corrida eleitoral intensa rumo a 2026 — e tudo indica que o xadrez político começa a se reorganizar. No centro dessa reconfiguração está a recém-anunciada federação entre União Brasil e Progressistas, batizada de União Progressista, que não apenas mexe nas estruturas formais, mas também influencia diretamente nas articulações de poder em Pernambuco e no cenário nacional.

A movimentação de Eduardo da Fonte (Progressistas) e Miguel Coelho (União Brasil) revela algo mais profundo do que uma simples aliança pragmática. Trata-se da construção de um novo polo de poder, com base num capital político real: 6 deputados federais, 13 estaduais e, agora, peso de bancada superior ao PSB na Câmara Federal e igualado na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A federação passa a ser um ator com poder de decisão — e, claro, de barganha — nas próximas composições majoritárias.

Mas esse tabuleiro está longe de ser estático. A saída do prefeito de Lajedo, Erivaldo Chagas, do Republicanos para o PSB, levou o ministro Silvio Costa Filho a reassumir o comando do Republicanos em Pernambuco. O movimento é estratégico, sim, mas também defensivo: impedir a fragmentação de uma base que vinha sendo construída com João Campos. Silvinho ainda sonha com a vaga ao Senado, mas seu desafio agora é manter a coesão da legenda.

E enquanto os grupos se organizam, um nome segue crescendo em meio ao ruído: Marília Arraes. Mesmo sem mandato, ela lidera as pesquisas para o Senado com folga. O “recall” de votos da eleição anterior mostra sua força e o fato de seu capital político não ter se esvaído com o tempo. Se o PSB pretende montar uma chapa forte com João Campos, é difícil ignorar a força de Marília.

O fato é que a União Progressista já está no jogo majoritário de 2026 — resta saber em qual lado do campo irá atuar. Com a governadora Raquel Lyra de um lado, João Campos de outro, e Marília como uma carta forte para o Senado, o cenário está longe de definido. O risco, como sempre, é que os atores confundam poder de fogo com estratégia de longo prazo.

A política exige mais do que articulação e estrutura — exige leitura precisa do momento. A União Progressista tem força, mas precisa ter rumo. Silvinho precisa segurar sua base antes de projetar voo. E Marília, com seu recall, precisará utilizar isso para cacifar o Solidariedade na majoritária.

Resta a pergunta: A nova federação será fator de estabilidade ou mais um vetor de fragmentação?
Vai com Raquel, caminha com João ou decide jogar por fora?

A resposta, como tudo na política, depende da próxima jogada.

Duas prioridades do PT em Pernambuco
O partido do presidente Lula tem deixado claro em posicionamento, gestos e propaganda eleitoral no estado que as duas prioridades do PT são: a reeleição do presidente Lula e a reeleição do senador Humberto Costa.

Gesto que poucos fazem
O parecer favorável do senador Fernando Dueire (MDB) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, a um empréstimo de 90 milhões de dólares do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) que será contraído pelo Governo de Pernambuco, mostra que a Governadora Raquel Lyra pode contar com o senador Fernando Dueire (MDB) como aliado de primeira hora em Brasília. Um gesto que poucos fazem.

O silêncio de Wolney
O atual secretário executivo da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT) mantém silêncio em relação ao escândalo que afeta o INSS. Caso queira postular algum cargo eletivo em 2026, Wolney precisará se posicionar e tocar em temas sensíveis como esse. O blog procurou a assessoria do ex-deputado e aguarda um posicionamento.

Por Hugo Sousa
Publicitário e Jornalista, colunista de Política e idealizador do Blog Novo Contexto.

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