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No Congresso Nacional, atuação nacional de Eduardo Campos é exaltada

Para homenagear o legado e a vida do ex-governador, foi realizada uma sessão solene com a presença de parlamentares, ministros e diversas lideranças da política nacional

Nesta quarta-feira (14), o Congresso Nacional realizou sessão solene para homenagear o legado e a vida do ex-governador Eduardo Campos. Por proposição do deputado federal do PSB da Paraíba e líder do partido na Câmara, Gervásio Maia, parlamentares, ministros e diversas lideranças da política brasileira se reuniram para enaltecer a atuação nacional de Campos. A sessão foi presidida pelo deputado federal Pedro Campos e contou com a presença do prefeito do Recife, João Campos – ambos filhos de Eduardo.

“O meu pai, de forma inegável, estava à frente do seu tempo. (…) Quando a gente vê meu pai falando, parece que é um discurso certinho para o futuro que a política e que o Brasil precisam. Então, ele teve a capacidade de ser atual e presente no seu tempo. Que a gente siga tendo a esperança na política e nunca perdendo as nossas referências. Que a gente conheça a nossa história, que valorize quem ajudou a construir esse caminho, quem lutou por democracia, quem lutou por política pública, quem lutou por um Estado justo para a gente poder construir o futuro. E aqui eu agradeço de coração a todos os presentes hoje, que representam o que ele acreditava: a unidade do povo, a unidade das instituições e a capacidade de botar a política para brigar contra os problemas do Brasil e não contra os sonhos dos brasileiros”, enfatizou João.

“Construir consensos foi uma consequência da forma larga de Eduardo fazer política. Para ele, a política era um instrumento para transformar a vida das pessoas e do estado e quando você coloca isso à frente, você não se perde em brigas e problemas menores de ordem pessoal. Você olha a política pelo resultado que quer que ela tenha. Essa largueza de olhar, de articulação política e de entregas que beneficiam o povo que mais precisa são o seu principal legado”, afirmou Pedro, que encerrou as falas do evento, que marcou os 10 anos do falecimento do líder histórico. “Agradeço a todos os amigos de vida e de luta de Eduardo. A gente segue pegado no serviço, lutando, acreditando nesses valores e nesses ideais que Eduardo deixou e firmes nessa luta”, acrescentou.

Eduardo faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, quando postulava sua candidatura à presidência da República pelo PSB, vítima de um acidente aéreo. Economista por formação, aos 25 anos, assumiu o mandato de deputado estadual por Pernambuco, em 1990. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, eleito em 1994, 1998 e 2002. Aos 38 anos, em 2003, assumiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação implementando políticas como o marco legal, a Lei do Bem, a Lei Brasileira de Biossegurança, o Programa Espacial, o Programa Nuclear Brasileiro e diversos investimentos na área tecnológica do país, como as Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP. A cerimônia, que durou mais de 2 horas, foi prestigiada por sete ministros, além do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, que foi correligionário de Eduardo Campos e sempre esteve ao seu lado no partido.

“Eduardo Campos, sem dúvida nenhuma, é uma grande referência para todos nós pela sua capacidade de trabalho, de unir, de traduzir o Brasil nas ideias e desejos e anseios do povo brasileiro. Foi um dos melhores quadros do nosso país”, destacou Sílvio Costa Filho, ministro do Turismo. “Homenagear Eduardo é ajudar a gente a cada vez mais fazer reflexões e pensar no futuro. Eduardo continua na nossa memória como destacado brasileiro e sua vida foi de dedicação ao povo de Pernambuco e ao Brasil. E esteve sempre inspirado pela história de força, nitidez política e ideológica que representou a história de Miguel Arraes”, concluiu a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos.

Eduardo Campos iniciou cedo sua vida pública, ao lado do avô, o ex-governador Miguel Arraes de Alencar. Foi eleito governador por Pernambuco em 2006 e 2010. Durante sua gestão, impulsionou o desenvolvimento econômico e a industrialização do estado, realizando obras de infraestrutura e políticas públicas. O êxito de sua gestão lhe fez receber prêmios internacionais por excelência pública em programas como o Mãe Coruja e o Pacto pela Vida, sendo reconhecido pela ONU, e também o levou a ter a maior votação proporcional entre os governadores em 2010 (82,83%), ocasião da sua reeleição.

“Eduardo Campos fazia da política um espaço de fala, de transformação, sempre buscando construir consensos e promover o bem-estar coletivo. Ele foi um líder que fez a diferença”, afirmou Gervásio Maia. “Foi um político que fez história, que marcou uma geração. Foi o mais brilhante político da minha geração, o melhor orador que eu assisti”, frisou o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.

Falando em nome da bancada do PSB de Pernambuco na Câmara, o deputado Felipe Carreras relembrou histórias que vivenciou junto com Eduardo e o apreço que ele tinha por quem exerce a política com proximidade em relação às demandas da população que representa. “É dia de a gente celebrar tudo o que Eduardo fez. Viva Eduardo Campos”, declarou. “A história do Brasil seria outra, se aquele fatídico dia 13, não tivesse levado um dos melhores quadros da política brasileira. Dez anos se passaram e, hoje, nós estamos aqui relembrando alguém que fez da política algo essencial para desenvolver um país. Ele tinha um pensamento social muito elevado”, disse Eunício Oliveira, deputado federal, ex-ministro e ex-presidente do Senado.

“Hoje subo na tribuna para falar mais do Eduardo tio e primo do que do Eduardo político. A proximidade com ele fez com que minha infância e o início da adolescência fosse toda na casa dele. Eduardo era presente até mesmo nas ausências. E falar dele como tio e primo é falar dele como político, porque na política ele também dava conta de tudo. Ninguém consegue ser um político do tamanho que ele foi sem ser um tio, um pai, um marido tão presente na família. Ele era um ponto de convergência em nossa família, com quem todo mundo conseguia conversar e buscar as respostas que a gente precisava naquele momento. Eduardo vive, e fico feliz de ter convivido e aprendido com ele”, contou a deputada federal Maria Arraes (PT-PE), prima de Eduardo.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT) também discursou .”Quando eu olho para trás, Eduardo foi uma das figuras mais fascinantes que eu conheci na política, era uma figura luminosa. As conversas do Eduardo eram fascinantes. Não tinha nada mais agradável do que estar junto com o Eduardo, fazer política com suavidade, com risadas, se divertindo. Fui candidato a governador em 2014 e passei três dias lá com o Eduardo Campos em Pernambuco. E o olho dele brilhava mostrando as realizações, o que estava sendo feito. Eu fico muito feliz quando eu vejo Pedro Campos e João Campos. Eu fico imaginando como Eduardo estaria feliz vendo tudo que está sendo feito em Recife, a liderança de vocês. Vocês apontam um caminho novo, um caminho novo na política. Eu tenho uma certeza que nosso amigo Eduardo Campos, num momento como esse, está muito feliz de ver vocês pegando a bandeira dos Arraes, o compromisso histórico com o povo pernambucano e brasileiro”.

“Eduardo era um homem destacado, cheio de sonhos e vocacionado a fazer aquilo que muitos aqui disseram: juntar gente. Ele era resiliente, capaz e tinha luz”, salientou o senador Fernando Dueire. Como representante da Federação Brasil da Esperança na tribuna da Câmara, o deputado Flávio Nogueira destacou que Eduardo “aprendeu cedo a política de seu avô, Miguel Arraes, uma grande liderança admirada por nós, nordestinos, por seu direcionamento político”. O parlamentar elogiou ainda ideias inovadoras de Eduardo, que, em 2014, como candidato à presidência da República, já falava de temas que só vêm ganhando mais espaço na gestão pública nos últimos anos.

“Eduardo ia ser tudo nesse país, porque ele tinha talento e tempo. Era só esperar, e parecia que o tempo estava a favor dele, porque as coisas começavam a acontecer. Ele era um idealista. O brilho dos olhos de Eduardo era a cor que ele queria que todos tivessem – o brilho da felicidade e da esperança”, ressaltou o ministro da Defesa e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, chamou atenção para o legado deixado pelo ex-governador na cultura. “Visionário, enxergava a cultura como uma ferramenta de desenvolvimento econômico. Sua gestão incentivou a economia criativa, apoiando artistas, produtores culturais, pequenas empresas do setor. Foram criados mecanismos de financiamento com editais, linhas de crédito específicos para fortalecer a área cultural.”

“Ele fez governos de muito sucesso e protagonismo. Em sua passagem por todos os lugares, da Assembleia Legislativa de Pernambuco ao Ministério da Ciência e Tecnologia, foi um grande protagonista e, sobretudo, um grande político. Pautou sua vida pelos princípios que aprendeu desde muito jovem pelo seu grande líder, Miguel Arraes, figura da maior expressão e sensibilidade política e social que a esquerda brasileira talvez já tenha conhecido”, acrescentou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) lembrou a parceria com Eduardo desde o período em que foi seu assessor no Governo Arraes e exaltou como características do amigo sua determinação e foco. “Ele era uma figura rara, porque ele era um formulador político. E executava como ninguém. Era uma figura espirituosa, tinha uma alma de gigante. Se ele ganharia a presidência ou não, nunca saberemos. Mas Eduardo ficará sempre na memória do povo brasileiro. A frase célebre de sua última entrevista é uma expressão do pensamento político dele, da resiliência e da resistência para que as grandes potencialidades que o Brasil tem sejam transformadas em oportunidades para o povo”, afirmou.

Discursou ainda a ministra do Meio Ambiente e então candidata a vice-presidente na chapa com Eduardo em 2014, Marina Silva. “Nessa convivência que tive com o Eduardo, naquele curto período de tempo, de forma mais próxima, o que eu pude observar é que foi um esposo amoroso, um pai amoroso, um companheiro fiel e dedicado às causas do seu partido, alguém que você poderia conversar e assumir compromissos com um lastro de lealdade. Foi assim que nos aproximamos politicamente, numa situação que naquela época ele considerou um imponderável, mas que ficamos repletos de felicidade de poder fazer um programa de governo juntos, já antecipando temas que só agora eles se revelam fundamentais e estratégicos, como a questão do enfrentamento, do desmatamento e tantas outras questões importantes para o enfrentamento da mudança do clima”, disse.

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