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Caruaru sem São João: remédio necessário para garantir vidas

Caruaru deve viver um #TBT amargo, mas necessário, no mês de junho. Não há segurança para realizar o São João da Capital do Forró em 2021 e a festa deverá ser cancelada pela segunda vez consecutiva. Afinal, o processo de imunização ocorre lentamente e ainda não atingiu um percentual expressivo da população.

E foi isso que confirmou o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Rubens Junior, em entrevista à imprensa na semana passada. Ele ressaltou também que os investimentos dos municípios devem se voltar para o combate à pandemia. Isso alerta, inclusive, para darmos atenção ao Portal da Transparência do município, no qual é possível pesquisar as despesas realizadas durante a pandemia.

Mesmo antes, em março, o secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, havia salientado: “a não existência do São João vai garantir a qualidade de vida das pessoas”.

Esse pensamento já havia sido adiantado pelo ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa), Gonzalo Vecina Neto. “Vamos ter a vacina, mas não vamos ter um volume concentrado […]. Quando estivermos em junho, vamos estar na metade do caminho, muita gente sem vacina ainda. Por isso, infelizmente, não vamos ter a festa em Caruaru neste ano”, afirmou, ainda em janeiro de 2021.

Não há como falar em Caruaru, sem falar de forró e São João. Mas, não há como pensar em festa junina se não existe segurança sanitária para realizar festas que aglomeram pessoas, geram constante contato físico, além de intenso movimento na cidade.

Pátio de Eventos Luiz Gonzaga lotado durante São João - Foto: Rafael Lima/Divulgação
Pátio de e Eventos Luiz Gonzaga lotado durante São João em Caruaru – Foto: Rafael Lima/Divulgação

CENÁRIO LOCAL

Os resultados da vacinação em Caruaru são pequenos, tendo em vista que o município vacinou cerca de 10% da população, até o fechamento dessa coluna. Enquanto isso, a taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 é preocupante. No dia 9 de abril, por exemplo, houve 100% de ocupação na rede pública (Hospital Mestre Vitalino e de Campanha, Hospital Manoel Afonso e Hospital Regional do Agreste).

Após um ano de pandemia, o município ultrapassou 19 mil casos de Covid-19, com uma média de 96% de pessoas já recuperadas. Neste mês, o município chegou a mais de 520 óbitos, um número trágico e alarmante. Para efeito de comparação, em 2020 o município registrou 137 homicídios; enquanto, por sua vez, a Covid-19 já havia causado 439 mortes na cidade até o final do ano passado.

Aliás, o mês mais letal da pandemia foi junho de 2020, em que 118 pessoas perderam a vida para a doença. Já o dia com mais mortes foi 24 de junho, dia de São João, quando 13 pessoas morreram de Covid-19. Esses dados vêm de um levantamento feito pela Universidade Federal de Viçosa.

NÚMEROS DA COVID-19

CaruaruPernambuco
Casos confirmados19.983368.700
Recuperações19.299312.018
Óbitos52612.744
Aplicações de vacina39.0241.343.606
Dados atualizados até 10 de abril de 2021
Fontes: Prefeitura de Caruaru e Governo de Pernambuco

IMPACTOS

Diante desse cenário preocupante, os impactos sobre turismo e economia devem seguir o que se deu em 2020. Sem São João, Caruaru deixará de movimentar R$ 200 milhões.

Além disso, serão afetados mais de 6 mil trabalhadores diretos e 12 mil indiretos, entre artistas, artesãos, bacamarteiros, barraqueiros e serviços gerais e outros que atuam durante os festejos juninos do município.

QUAIS AS SOLUÇÕES?

É urgente definir como amenizar prejuízos econômicos para trabalhadores e artistas que dependem das festas juninas. Já falamos sobre isso em uma coluna anterior: levantamos exemplos relacionados à utilização da Lei Aldir Blanc, busca de recursos junto ao governo estadual, parcerias com iniciativas privadas e remanejamento de recursos locais.

Contudo, a prefeitura de Caruaru ainda não se posicionou oficialmente sobre qual será seu plano emergencial em realização ao período junino. Em entrevista à Rádio Jornal Caruaru, Rubens Junior destacou que, no momento, está sendo estudada a possibilidade de auxílio junto a parceiros comerciais.

O QUE ESPERAR?

Antes de tudo, é necessário um esforço coletivo para redobrar distanciamento social, isolamento, uso de máscara e de álcool em gel, a fim de reduzir a disseminação do vírus. Em paralelo, dependemos de um comprometimento nacional para garantir insumos, vacinas e imunização em massa.

E em meio a tudo isso, o governo municipal precisa investir em um planejamento cultural de caráter emergencial, além de repensar a aplicação de políticas culturais de forma consolidada a longo prazo. É essencial manter a esperança de que a pandemia não é maior que o valor cultural de todos que fazem o Maior e Melhor São João do Mundo.

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Johnny Pequeno
Jornalista, Produtor audiovisual e Diretor da @produtoravertigo

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